Ocorrência de raiva em humano transmitida por animal silvestre, em abril 2012, no município de Tapurah-MT
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Abstract
A raiva é uma doença infecciosa aguda, causada por um vírus, que compromete o sistema nervoso central (SNC), levando a um quadro de encefalomielite aguda, cuja letalidade é de aproximadamente 100% (Brasil, 2005; Brasil, 2009 e Kotait et all, 2009). Os animais domésticos, silvestres terrestres e morcegos são os maiores transmissores dessa doença aos seres humanos principalmente pelo contato da saliva contaminada por meio de mordedura, lambedura ou arranhadura (KOTAIT et all, 2009 e WADA et all, 2011). O vírus da raiva apresenta uma alta capacidade de adaptação a diferentes espécies de mamíferos, sendo esta doença com ampla distribuição mundial, ocasionando grande impacto socioeconômico e gerando um grave problema de saúde pública (KOTAIT et all, 2009; e WADA et all, 2011). Diante da problemática da ocorrência desta doença em escala mundial este estudo teve como objetivo avaliar o número de atendimentos por agressões causadas por animais silvestres, sobretudo por morcegos, no estado do Mato Grosso no período de janeiro de 2007 a julho de 2012, através dos dados registrados no SINAN/DATASUS/ MS/SES-MT. De acordo com os registros do SINAN, para o período analisado foram notificadas 688 agressões a humanos por animais silvestres. Destes casos de agressões notificadas, 3,0% (21/688) a espécie agressora foi a raposa, 23,5% (162/688) foram por primatas não-humanos e 73,4% (505/688) foram por morcegos. As agressões por morcego correspondem em média 84,1 (505/6) agressões por ano, sendo 64,7% (327/505) destes atendimentos registradas na zona urbana e 35,2% (178/505) na zona rural. Este estudo corrobora com os realizados por Reis et all, 2010; e Wada et all, 2011, em que as agressões por morcego segue um padrão onde os maiores registros foram na zona urbana, sugerindo uma ascendente procura ao atendimento do serviço público de saúde. Este fato pode ser consequência da acessibilidade ao serviço de saúde na área urbana como também, a conscientização da população urbana em relação ao contato com estes animais. No período avaliado observou-se que os maiores contatos foram principalmente por morcegos não hematófagos, insetívoros e frugívoros, comuns em ambientes urbanos, como edificações e em árvores frutíferas, utilizadas em paisagismo cultural regionalizado, como em pomares e praças, facilitando a interação entre estas espécies, e com os caninos, felinos e humanos, podendo ocasionar graves consequências, fatos estes observados também nos estudos de Sodré et all, 2010 e Ribeiro et all, 2010. Analisando os casos de raiva em morcego, no período estudado foram registrados em 2008, 02 casos em morcego não hematófagos. Embora não tenha observado registro de positividade em morcegos hematófagos, no estado de Mato Grosso tem ocorrido casos de raiva em herbívoros, transmitidos por Desmodus rotundus, sugerindo assim uma subnotificação nos sistemas de informação. Este fato indica que o vírus rábico silvestre – compatível com a variante 3, tem circulado no estado representando assim um grande risco para a população humana. As notificações de agressões a humanos, os casos de raiva em morcegos, a ocorrência de raiva em herbívoros, dentre outros fatores, evidenciam o registro de um caso humano no município de Tapurah, diagnosticada por variante compatível de animal silvestre (variante 3) com sugestiva transmissão por cervídeo. Estas situações discutidas, sugerem que outros casos suspeitos de raiva poderão ocorrer, sendo necessária e de fundamental importância a implementação de ações de vigilância e condutas oportunas frente a contato por morcegos e outros animais silvestres, sinalizando um alerta a toda sociedade sobre o risco de transmissão da doença por estas espécies. Este estudo teve como incentivo os trabalhos desenvolvidos pelos professores Wilson Uieda e Ricardo Moratelli Rocha, e o apoio institucional da Secretaria Estado de Saúde do Estado de Mato Grosso.
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