Avaliação do comportamento social agonístico e amistoso de gatos domésticos em abrigo
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Abstract
O comportamento, uma das propriedades mais importantes da vida animal e fundamental nas adaptações das funções biológicas, designa a forma como um organismo reage com o seu ambiente. Os comportamentos são agrupados em categorias funcionais como reflexos posturais; padrões de locomoção e comportamentos alimentar, sexual, de cuidado parental, e de comunicação, entre outros. O comportamento social é qualquer interação direta entre indivíduos da mesma espécie, geralmente aparentados que vivem em um grupo, podendo variar de acordo com a diversidade de seus habitats e com as diferenças de composição dos grupos, já que a permutação social se dá no comportamento de machos, fêmeas, adultos e jovens. Dentro de um grupo, as relações de dominância e subordinação são determinadas, permitindo o estabelecimento de uma hierarquia, tendo como principal função a prioridade na obtenção de recursos que contribuam para o sucesso da espécie, como água, alimentos, locais para descanso e parceiros sexuais. Isso favorece o surgimento de relações agonísticas ou amistosas (afiliativas). Este trabalho se instituiu em observar o comportamento social de agressão e autolimpeza, exemplos de relações agonísticas e amistosas, respectivamente, em um abrigo de gatos domésticos, fazendo uma associação com o sexo do animal. O estudo foi realizado em um abrigo na região metropolitana do Recife, com população (101 animais) composta por fêmeas (59, castradas) e machos (42, sendo 34 castrados) sem raça definida, onde não havia separação de animais pela faixa etária ou sexo, convivendo e partilhando os mesmos espaços. Os comportamentos de autolimpeza e agressividade foram observados no horário das 10 às 18 horas, por 11 dias, totalizando 88 horas, pelo método ad libitum. Os dados comportamentais foram registrados e repassados para as fichas de observação comportamental. Foram obtidos 242 registros de autolimpeza, a maioria (52,4%) efetuada entre fêmeas. Pontuou-se 187 registros de agressões, em que as fêmeas (64%) também lideraram. Observou-se, ainda, a alta incidência de autolimpeza (19,4%) das fêmeas em machos castrados e, em contrapartida, as agressões (16%) das fêmeas desferidas contra machos inteiros. Este achado pode estar relacionado ao grande número de fêmeas no abrigo e, por isso, a probabilidade de ocorrência maior nesse gênero. A convivência estreita obrigatória de fêmeas com machos – inclusive inteiros, o que não é natural à espécie – deixa as fêmeas mais agressivas. Esses comportamentos agressivos podem ocorrer em ambientes restritos pouco atrativos para o animal, sem enriquecimento ambiental. Assim, o enriquecimento ambiental de recintos que abrigam muitos gatos juntos promove melhoria psicológica e fisiológica para os animais, diminuindo esse tipo de comportamento por favorecer sua socialização e bem-estar. Os comportamentos sociais observados nos animais do abrigo em estudo são compatíveis com a situação de superpopulação, ausência de enriquecimento ambiental, assim como a falta de separação dos animais entre sexo e faixa etária (manejo inadequado), uma realidade dos abrigos de animais domésticos nos grandes centros urbanos.
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