Atividades do médico-veterinário na estratégia de saúde da família
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Abstract
A Vigilância em Saúde é uma das áreas de atuação do SUS que dispõe de um conjunto de ações tendentes a eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde, que deve integrar-se com as ações de atenção básica, como a Estratégia de Saúde da Família (ESF). Essa atividade de promoção à saúde vai de acordo com a Carta de Ottawa, de 1996, que inclui o fortalecimento das ações comunitárias, a criação de ambientes saudáveis e a reorientação dos serviços de saúde, o que contribui para o reforço da consciência sanitária dos profissionais em saúde e da população. Com a inserção do médico-veterinário para compor o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), através da Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, existe uma oportunidade aberta. O trabalho foi delineado para conhecer as possibilidades de inserção do médico-veterinário dentro da realidade dos dois ESF do município de Eldorado do Sul, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, o que corresponde a uma cobertura de 20% da população. Foi aplicado um questionário sobre assuntos que envolvem a Vigilância em Saúde e foram sorteadas aleatoriamente 51 residências (3% do total de famílias) e realizadas diversas perguntas aos moradores sobre vigilância sanitária e ambiental, conhecimentos sobre doença transmissível por alimento (DTA) e Zoonoses. Dos 51 questionários respondidos, 37 (72%) disseram que sabiam o que é a Vigilância Sanitária e 28 residentes (55%) conheciam o documento do Alvará Sanitário. Doze (23%) responderam que tiveram suspeita de DTA, com os principais sintomas, em ordem decrescente de importância: diarreia, vômito, dor abdominal e dor de cabeça. Desses moradores que afirmaram ter um episódio de DTA, 6 (50%) afirmaram que dois ou mais membros da família adoeceram, o que pode caracterizar a subnotificação de surto de DTA. Na área de Vigilância Ambiental, com enfoque nas zoonoses e doenças negligenciadas (não notificáveis), o resultado do questionário foi: a) a respeito dos ectoparasitos, 47% dos moradores afirmaram que já tiveram problemas com infestação de carrapatos; 27% já tiveram problemas com pulgas; 12%, com Tunga penetrans (bicho-de-pé); 10% tiveram alguém da família com infestação por larvas de Cochliomyia hominivorax (bicheira); e 6% tiveram infestação pela larva da Dermatobia hominis (berne); b) sobre os animais sinantrópicos, 53% da população afirmou que já teve problema com ratos; 18%, com pombos; 8% afirmaram que já terem encontrado morcegos; 21% dos entrevistados informaram que já tiveram alguma situação de mordedura por cães; e 94% dos moradores relataram que havia muitos cães soltos na rua e que alguns desses animais eram domiciliados, conforme informações de alguns residentes. Ficou estabelecido o número de cães e gatos por domicílio de 1,93, sendo que essa estimativa é importante para uma situação de foco de raiva e posterior vacinação. Esses resultados demonstram que o médico-veterinário tem um papel fundamental no trabalho de prevenção e controle de doenças e agravos à saúde, inserindo-se no Núcleo de Apoio à Saúde Familiar (Nasf) e em alguma atividade multidisciplinar relacionada ao manejo técnico das questões sanitárias e ambientais, como a política de controle populacional dos animais e a circulação de agentes e patógenos no território e no domicílio.
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