Prevalência das doenças neurológicas em bovinos no Estado do Paraná
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Resumo
Doenças do sistema nervoso central em bovinos englobam inúmeras enfermidades e são responsáveis por perdas econômicas expressivas em todo o mundo. Dentre elas, a raiva apresenta destaque, pois corresponde a perdas estimadas em 50 milhões de dólares por ano. Essas doenças assumiram grande importância após o aparecimento da encefalopatia espongiforme bovina (EEB) em 1987 e da sua possível relação com a doença de Creutzfeldt-Jakob (vCJD) em humanos. Os objetivos desta pesquisa foram investigar a ocorrência das doenças nervosas em bovinos no Estado do Paraná em parceria com o Serviço Oficial Estadual de Defesa Sanitária Animal (Seab-PR), estabelecendo o diagnóstico diferencial com a raiva, e gerando informações epidemiológicas para o estabelecimento de medidas adequadas de prevenção. O levantamento clínico e epidemiológico foi realizado nas propriedades onde ocorreram as enfermidades. Exames clínicos e neurológicos dos animais acometidos foram realizados, seguidos de colheita de amostras de sangue para realização de hemograma e bioquímica sérica, e de líquor para a análise. Nos casos mais graves, foi realizada a eutanásia seguida de necropsia com colheita de fragmentos de órgãos para exame histopatológico. Fragmentos do SNC foram encaminhados para exames de raiva, EEB e PCR para BoHV 1 e 5. Análises toxicológicas e bacteriológicas foram realizadas, quando pertinentes. De março de 2009 a agosto de 2011 foram acompanhados 96 casos classificados, segundo a etiologia em: causas tóxicas (50,0%); inflamatórias/infecciosas (31,2%); físicas (4,1%); neoplásicas (3,1%); metabólicas (2,1%); degenerativas (2,1%); e inconclusivas (7,3%). Dentre as intoxicações, 58,3% foram causadas por plantas, tais como Senna occidentalis e S. obtusifolia (15,58%), síndrome tremorgênica por Cynodon dactylon e C. nlemfuensis (12,5%), Crotalaria spp. (10,41%), Acanthocladus brasiliensis (6,25%), Ateleia glazoviana (6,25%), Baccharis megapotamica (4,16%) e Tabernaemontana catharinensis (4,16%). Botulismo e intoxicação por nitrito/nitrato foram responsáveis por 12,5% e 14,58% dos casos tóxicos, respectivamente. Tétano e enterotoxemia por Clostridium perfringen foram responsáveis, cada um, por 4,16% das causas tóxicas. Micotoxicose e intoxicação por carbamato foram responsáveis por 2,08% cada uma. Das doenças de origem inflamatória/infecciosa, a raiva (36,66%) e a encefalite por BoHV-5 (43,33%) foram as mais comumente encontradas. Os sete casos inconclusivos corresponderam à encefalopatia, tetraparesia flácida, convulsão e incoordenação leve. A baixa porcentagem de casos inconclusivos deve-se à abordagem mais completa da investigação compreendendo a identificação dos fatores de risco presentes nas propriedades, a interpretação das manifestações clínicas apresentadas, a integração racional entre as diferentes rotinas laboratoriais de diagnóstico e a interpretação final do conjunto dos resultados. Pode-se concluir que, além da raiva, outras enfermidades do sistema nervoso, como a encefalite por BoHV-5 e as intoxicações por plantas, ocorrem com frequência em bovinos no Estado do Paraná, representando 42,7% do total de casos investigados.
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