Implicações para exatidão na quantificação do gossipol livre: I. Análise da variabilidade intrínseca à matriz
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Resumo
O gossipol é um alcalóide polifenólico tóxico presente em plantas do gênero Gossipium, como o algodoeiro (Gossipium hirsutum) e apresenta toxicidade na forma livre. Após a prensagem do caroço, o gossipol complexa-se com proteínas, convertendo-se à forma ligada, menos tóxica. Para a análise da toxicidade, o gossipol livre deve ser mensurado considerando-se também fatores como variabilidade intrínseca à matriz e à metodologia analítica. A cromatografia líquida de alta eficiência tem se mostrado eficiente, considerando sua exatidão e sensibilidade. Entretanto, é imprescindível que a amostra analítica seja capaz de representar adequadamente a amostra total. Neste estudo, foi avaliada a variação do teor de gossipol individual entre 75 caroços de algodão de uma mesma variedade (IAC 25-RMD), colhidos num mesmo período, a fim de verificar a variabilidade presente em 5g de amostra, como proposto para amostra analítica pela AOCS. A metodologia para extração do gossipol livre proposta por Wang foi utilizada, com algumas modificações. Os caroços descascados foram pesados, triturados, macerados em acetona (10 mL) por 16h, filtrados em papel de filtro sob vácuo, com três lavagens do resíduo com 2 mL de acetona. O filtrado foi seco e redissolvido em 10 mL de clorofórmio:ácido acético (99:1, v/v). Na cromatografia foi utilizada coluna Zorbax C18 (250 x 4,6 mm, i.d. 5 μm), eluição gradiente (80:20; metanol-0,1% ácido ortofosfórico:água, 70:30 v/v, e clorofórmio), com fluxo de 1,1 mL minuto- 1 e detecção a 254 nm (detector de arranjo de fotodiodos). O peso médio dos caroços sem casca foi de 0,06 ± 0,01g e o teor de gossipol apresentou uma ampla faixa, de 298 a 9.644 μg g-1 (média = 1.028,6 μg g-1 ± 1.058,3). Não houve correlação entre o peso do grão e o teor de gossipol. O alto coeficiente de variabilidade observado (102%), dos quais apenas 10% podem ser provenientes da metodologia, sugere a possibilidade de sub ou superestimativa do gossipol a ser administrado na alimentação animal e pode dificultar a realização de estudos para comparação de metodologias analíticas. Observou-se que vários estudos utilizam quantidades de caroço de algodão menores que 1g, com base no teor esperado de gossipol presente, como proposto pela AOCS. Por outro lado, a realização de moagem de uma quantidade maior de caroço de algodão, a fim de oferecer maior representatividade da amostra e diminuir a variabilidade, favorece a conversão do gossipol livre à forma ligada, menos tóxica e não extraída em acetona. Uma possibilidade para contornar esse problema é a realização da moagem do caroço de algodão em acetona, formando uma pasta a partir da qual a amostra analítica pode ser obtida.
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