Flávia Morato
Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Medicina Veterinária
Preventiva e Saúde Animal, São Paulo, SP
Cássia Yumi Ikuta
Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Medicina Veterinária
Preventiva e Saúde Animal, São Paulo, SP
Fumio Honma Ito
Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Medicina Veterinária
Preventiva e Saúde Animal, São Paulo, SP
Resumo
O objetivo principal deste manuscrito é fornecer informações técnicas e científicas sobre a raiva aos estudantes de medicina veterinária, veterinários e outros profissionais relacionados à saúde. Embora conhecida desde a antiguidade, atualmente ela é definida como uma zoonose negligenciada e permanece endêmica, especialmente em países em desenvolvimento, por causa de limitações financeiras e problemas de infraestrutura. Os morcegos hematófagos foram relatados como novos reservatórios da raiva na América Latina e no Caribe no início do século XX, causando prejuízos econômicos na pecuária e mortes humanas, no entanto o mundo ainda está surpreso por causa dos lissavírus em morcegos não hematófagos na África, Oceania e Eurásia. Os vírus da raiva e os vírus relacionados à raiva, coletivamente denominados de lissavírus, podem ser distinguidos pela caracterização molecular em vários genótipos distintos, no entanto somente os vírus do genótipo 1 são costumeiramente referidos como vírus da raiva, enquanto todos os outros são chamados de lissavírus. Na taxonomia viral, o uso de técnicas moleculares disponíveis na atualidade possibilitou a inclusão de novas espéciesmembros no gênero Lyssavirus e revelou a existência de variantes distintas dos vírus da raiva distribuídas entre diferentes espécies animais em diferentes regiões do mundo. A colonização europeia da África, Ásia e do Novo Mundo teve papel importante na disseminaçãoda “linhagem cosmopolita” do vírus da raiva através de cãesque viajavam com os conquistadores e colonizadores. O vírus, uma vez estabelecido nas populações de cães, subsequentemente pode ter sido transmitido para novas espécies de reservatórios silvestres e evoluiu para distintas linhagens devido às mutações acumuladas ao longo dos séculos. Os hospedeiros reservatórios da raiva no mundovariam conforme as localizações geográficas.