Eventos adversos pela vacina contra a raiva em cães e gatos no estado de São Paulo – 2010
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Resumo
O Estado de São Paulo (ESP) coordena a Campanha de Vacinação contra a raiva em cães e gatos desde 1975. No inicio da década de 80, atingiu-se 80% de cobertura vacinal (1 cão para 10 pessoas), com a participação de todos os municípios. A vacina utilizada no período 1975 a 2009 foi tipo Fuenzalida & Palácios. O imunobiológico utilizado nos estados é fornecido pelo Ministério da Saúde (MS), que decidiu em 2010 substituir a vacina por uma produzida em culturas de células BHK, que não deveria causar reação adversa neurológica e propiciaria uma melhor resposta imunológica. No Brasil todo produto de uso veterinário deve ser aprovado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a vacina adquirida pelo MS produzida por um Laboratório privado nacional tinha registro no MAPA e os lotes foram aprovados segundo parâmetros de potência, inocuidade, esterilidade e vírus residual, conforme recomendações da Oficina Internacional de Epizootias (OIE). É importante destacar que no ESP a campanha de vacinação é realizada pela maioria dos municípios no mês de agosto, antes dos demais estados. Já no final de julho, alguns municípios passaram a referir ocorrência de eventos adversos após a aplicação da vacina; em início de agosto o município de Guarulhos, segundo maior do estado, relatou muitas reações à vacina, suspendendo a campanha e em meados desse mês na capital do ESP, ao iniciar a vacinação, ocorreram inúmeras notificações desses eventos. Diante dessa situação, a campanha de vacinação contra raiva em cães e gatos foi suspensa em 20/08/2010. O município de São Paulo, por intermédio do Centro de Controle de Zoonoses, já contava com uma forma de a população notificar problemas com seus animais após vacinação, fornecendo os dados mais consistentes para essa decisão de suspensão da campanha (altíssima incidência de evento adverso de quase 3 casos por 1.000 cães vacinados e cerca de 30 por 1.000 gatos vacinados). Do total de animais a serem vacinados em todo ESP (cerca de 6.500.000), aproximadamente 10% receberam a vacina. Foram tomadas providências, dentre as quais se destacam reuniões com especialistas, algumas necropsias dos animais mortos (em Faculdades de Medicina Veterinária), testes em animais de laboratório com diferentes vias de administração, testes de citotoxicidade, assim como dosagem da concentração de saponina e proteínas, por métodos bioquímicos. Os estudos realizados indicavam que a vacina produzia eventos adversos e especialmente a alta concentração de albumina bovina, sendo que esta última poderia ser a causa do problema. Essas providências adotadas pelo ESP, fizeram com que se intensificasse os estudos e fossem realizados mais testes com a vacina, antes de sua liberação, bem como houvesse melhoria no edital de aquisição pelo MS. Atualmente está em mudança o processo de produção da vacina de uso animal, produzida em cultivo celular por laboratório nacional. PT.
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