Mirelly Medeiros Coelho
Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages, SC
Fernando Henrique Furlan Gouvêa
Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências da Saúde, Hospital Veterinário, Laboratório de Patologia Veterinária, Sinop, MT
Charles Pelizzari
Julieta Volpato
Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages, SC
Nádia Cristine Weinert
Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages, SC
Joandes Henrique Fonteque
Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro Agroveterinário, Lages, SC
Resumo
São relatados dois casos de hidropsia atendidos em diferentes períodos no Hospital de Clínicas Veterinárias (HCV) do CAV-UDESC. Relata-se um caso de hidroâmnio em uma fêmea bovina da raça Jersey de oito anos de idade, pesando 400Kg, plurípara, apresentava-se próximo ao nono mês de gestação. Ao exame físico o animal apresentava dificuldade locomotora, dispneia, normotermia, taquicardia, taquipneia, distensão abdominal bilateral ventral e simétrica, a palpação retal o útero apresentava-se aumentado de tamanho com presença de líquido em grande quantidade, sendo possível palpar o feto vivo. O diagnóstico clínico foi de hidropsia, sendo indicado como tratamento a cesariana. Realizou-se o procedimento cirúrgico confirmando o diagnóstico de hidropsia do tipo hidroâmnio. O bezerro nasceu vivo, mais veio a óbito e possuía uma anormalidade conhecida como queilosquise. Segundo o proprietário a vaca permaneceu em decúbito lateral permanente e após um dia do procedimento cirúrgico veio a óbito. O segundo caso relata o quadro clínico e anatomopatológico de hidroalantóide em uma vaca holandesa preta e branca, de seis anos de idade, pesando 300 kg, plurípara, com oito meses de gestação. O proprietário observou pequeno aumento de volume na região da fossa paralombar esquerda nos últimos dias e relatou tosse com saída de alimento pelas narinas e cavidade oral. Ao exame físico foram observados apatia, mucosas pálidas, atonia ruminal, dispneia, taquipnéia, taquicardia e normotermia. O animal apresentava timpanismo gasoso leve e a sondagem ruminal houve saída de pequena quantidade de gás de odor característico. A palpação retal, o útero encontrava-se aumentado de tamanho e de consistência flutuante não sendo possível palpar o feto, porém vários cotilédones acessórios foram palpados. A suspeita clínica foi hidropsia dos envoltórios fetais do tipo hidroalantóide. Como tratamento foi indicado à cesariana, porém antes do procedimento o animal veio a óbito. À necropsia observou-se grande aumento do tamanho uterino com contorno de cotilédones acessórios. Havia a presença de um único feto totalmente formado e de aspecto normal. Ressaltamos que o hidroâmnion e o hidroalantóide são importantes enfermidades que devem ser incluídas no diagnóstico diferencial de doenças que causam alteração do contorno abdominal como a ascite, a hidrometria e a prenhez múltipla patológica,e que o diagnóstico precoce e o tratamento adequado melhoram o prognóstico.