C. N. Tobaruela
Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Patologia, São Paulo, SP
M. O. Klein
Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Patologia, São Paulo, SP
C. M. C. Mori
Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Patologia, São Paulo, SP
L. F. Felicio
Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Patologia, São Paulo, SP
Resumo
A obesidade é uma enfermidade caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal que se tornou um grave problema de saúde pública. Assim, o desenvolvimento de modelos animais pode auxiliar na compreensão dos mecanismos envolvidos na doença bem como no desenvolvimento de abordagens preventivas e terapêuticas. O presente trabalho avaliou o crescimento de camundongos fêmeas Swiss que se tornam espontaneamente obesas em idade avançada, oriundas do biotério do Departamento de Patologia da FMVZ-USP. Para isso, foram realizados dois experimentos: Exp. 1 - as fêmeas foram acompanhadas desde o dia pós-natal 1 (DPN1) até o DPN240; Exp. 2 - as fêmeas foram avaliadas do DPN280 até o DPN485. Em cada experimento, os animais foram divididos em dois grupos: obesas (grupo OB; n=10) e não obesas (grupo NOB; n=10). Em ambos os experimentos foram realizados acompanhamento de peso corporal, medição de comprimento corporal e medição de circunferência abdominal. No DPN230, foi realizado o teste de tolerância à insulina (TTI) e no DPN232, o teste de tolerância oral à glicose (TTOG) nas fêmeas do Exp. 1 e, da mesma forma, nos DPN420 e 422, nas fêmeas do Exp. 2. Os resultados obtidos em cada experimento foram comparados separadamente por meio de ANOVA de duas vias, seguida do teste de Bonferroni, p<0,05. As fêmeas do grupo OB tinham circunferência abdominal e comprimento corporal maiores, comparadas ao grupo NOB, nos dois experimentos. No Exp. 1, ambos os grupos responderam à aplicação de insulina (TTI) e de glicose (TTOG) como esperado, não havendo diferença entre os grupos. Já no Exp. 2 houve diferença significante na resposta à insulina entre os grupos OB e NOB (TTI), e as fêmeas OB tiveram maior pico de glicemia aos 20 minutos de teste e permaneceram por mais tempo com os níveis glicêmicos elevados (TTOG). Os animais do grupo OB dos Exp. 1 e 2 tiveram aumento significante do ganho de peso corporal ao longo do tempo, atingindo cerca de 55g e 70g, respectivamente. No Exp. 1, o grupo OB mostrou ganho de peso elevado após o DPN81; também ocorreu efeito da interação tempo X grupo significante, indicando que os grupos responderam de forma diferente ao longo do tempo. Portanto, as alterações de ganho de peso elevado, bem como, maior crescimento corporal e circunferência abdominal podem ser observadas nas fêmeas já no início da vida adulta. Entretanto, as alterações metabólicas aparecem apenas em idade avançada (Exp. 2). Assim, mais estudos são necessários para elucidar a origem das alterações fenotípicas encontradas.