Tumoração intracelomática em um coleirinha (Sporophila caerulescens)
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Resumo
Introdução: as tumorações intracelomáticas em aves com etiologias diversas, tais como neoplasias, organomegalia, dilatações císticas e retenção de ovo (fêmeas) tendem a provocar marcante distensão abdominal. Os sinais clínicos associados são: letargia, perda da vocalização, hiporexia e dispneia.
Relato de caso: um Sporophila caerulescens, popularmente conhecido como coleirinha, macho, de aproximadamente 15 anos de idade, foi encaminhado ao Ambulatório de Aves (HOVET FMVZ-USP) no dia 11/12/2013 com um quadro de hiporexia, aumento de volume abdominal e perda do empoleiramento, com evolução de 15 dias. O exame físico e radiográfico revelou presença de uma estrutura intracelomática compressiva de consistência firme - o animal veio a óbito antes da realização da laparotomia exploratória. A necropsia revelou a presença de uma tumoração intracelomática de formato arredondado e coloração amarelada, medindo aproximadamente 1,5 cm de diâmetro, em topografia de testículo esquerdo, deslocando todos os demais órgãos para a esquerda. A microscopia caracterizou a proliferação neoplásica testicular multilobulada, que ocupa a totalidade do parênquima, composta por células alongadas dispostas perpendicularmente a uma membrana basal (túbulos seminíferos) com abundante estroma fibrovascular hialinizado - as células neoplásicas apresentam moderada atipia celular com figuras de mitose infrequentes. A neoformação é histopatologicamente compatível com um sertolinoma.
Discussão: as células de Sertoli são responsáveis pelo suporte das espermatogônias dentro dos túbulos seminíferos testiculares e também pela atividade de maturação e sincronização espermatogênica. O tumor das células de Sertoli (sertolinoma) é comum em cães e já foi descrito em bovinos, equinos, caprinos, felinos e diferentes espécies de aves, especialmente em periquitos-australianos. Essa neoplasia é descrita macroscopicamente como expansiva, arredondada a multilobulada, encapsulada, de coloração esbranquiçada (mamíferos) a amarelada (aves) – pode apresentar degeneração cística intralesional. Histologicamente são caracterizadas como proliferação de células alongadas, semelhantes às células de Sertoli normais – o arranjo se dá intraluminal aos túbulos seminíferos, onde as células organizam-se ao longo da membrana basal tubular. Variantes malignas podem ainda apresentar padrão infiltrativo e em aves tendem a ocupar a totalidade do parênquima testicular.
Conclusão: Dentre as aves canoras silvestres, o coleirinha apresenta uma das maiores longevidades descritas (cerca de 30 anos), o que pode estar relacionado ao surgimento de neoplasias. A causa mortis do animal provavelmente foi consequência do efeito de compressão esplâncnica difusa pelo sertolinoma intracelomático, cujo tamanho têm significância clínica devido ao porte do animal.
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