A experiência reprodutiva pode tornar uma mãe mais resistente à dor? Aspectos moleculares, fisiológicos e comportamentais da nocicepção em ratas: papel do receptor opióide tipo delta
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Resumo
Introdução: já se sabe que a maternidade torna as mães mais agressivas que seus limiares de dor parecem alcançar níveis muito altos, já podem se submeter a frio, calor e fome intensos desde que seus filhos nada sofram. Dessa maneira supõe-se que a mulher/fêmea tenha um imput para ser maternal, particularmente quando há a presença do filho/prole e que exista um mecanismo analgésico endógeno ativado quando a fêmea encontra-se nessa situação. O surgimento e a manutenção do Comportamento Maternal são controlados pela interação de fatores ambientais, bioquímicos, hormonais e neurais. Os opióides estão intimamente ligados ao processo modulatório nociceptivo e quando ativados atuam por meio de receptores de subunidades mu, kappa e delta distribuídos pelo SNC, cuja ativação inibe a transmissão do estímulo nociceptivo aos centros superiores de processamento. O presente trabalho avaliou se a experiência reprodutiva pode modular aspectos moleculares e fisiológicos em ratas.
Métodos: os animais, primeiramente acasalados ou não, utilizando-se grupos de dez animais por categoria: nulíparas, primíparas, multíparas com duas gestações, multíparas com três gestações, multíparas com quatro gestações e multíparas com cinco gestações. Ao 2º dia de lactação as ratas foram tratadas com uma injeção intraplantar de solução salina à 0,9% (até 1 ml/kg) ou carragenina (300ug/1000ul) sendo posteriormente realizada a avaliação de hiperalgesia por meio de analgesímetro digital (Von Frey). Na pata ipsilateral (esquerda) dos animais foi injetado carragenina e/ou salina, na pata contralateral (direita) nada foi injetado sendo assim o controle. Após decapitação as estruturas de interesse (estriado, PAG, hipotálamo) foram retiradas para as avaliações da expressão de Oprd1.
Resultados: Ao analisar os dados do Von Frey, as ratas nulíparas, primíparas, multíparas duas, multíparas três, multíparas quatro e multíparas cinco apresentaram queda significante no limiar de resposta nociceptiva, sendo evidente no pico da 3ª hora pós-injeção. Na avaliação da expressão de Oprd1 observou-se aumento significante na expressão do gene quando ratas foram tratadas com carragenina nos grupos multíparas com duas e cinco gestações somente no estriado, evidenciando a participação de receptores opióides em circuitos de modulação da dor.
Conclusão: ficou evidente que as ratas de 5ª gestação apresentam um limiar nociceptivo diferente dos demais grupos e que sentem muito menos ao estímulo hiperalgésico mecânico. Deixando claro que a experiência reprodutiva pode interferir diretamente na percepção nociceptiva. Além da ação de esteroides sobre receptores opioides e modulação da nocicepção, a inflamação causada pela carragenina também teria papel importante sobre receptores opióides.
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