M. A. Santoro
Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Patologia, São Paulo, SP
H. S. Spinosa
Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Patologia, São Paulo, SP
E. L. Ricci
Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Patologia, São Paulo, SP
Resumo
Os antidepressivos são medicamentos usados na espécie humana para o tratamento dos transtornos do humor, tais como os depressivos e os bipolares. Têm também indicação para utilização em quadros de agorafobia (situação na qual o individuo evita locais ou situações das quais seria difícil escapar), enurese (micção involuntária noturna), narcolepsia (dificuldade de a pessoa manter-se acordada), transtorno do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, dores crônicas, entre outros distúrbios. Dentre os antidepressivos mais usados na atualidade, tanto em seres humanos, como em animais, a fluoxetina é considerada como causadora de poucos efeitos colaterais. Esse medicamento faz parte do grupo de antidepressivos considerados da terceira geração, que são inibidores seletivos da captação da serotonina. Considerando-se a existência de poucos estudos sobre os efeitos neurocomportamentais desse antidepressivo, o presente trabalho foi delineado para, avaliar as possíveis alterações no comportamento materno de ratas lactantes expostas à fluoxetina. Deste modo, 24 ratas Wistar prenhes foram separadas em quatro grupos (N=6): o grupo controle que recebeu por gavagem água (1 ml/kg) e três grupos experimentais que receberam por gavagem 1, 10 e 20 mg/kg de fluoxetina (isto é, a dose terapêutica, dez e vinte vezes a dose terapêutica), do 1º ao 21º dia da lactação. A avaliação do comportamento materno (CM) foi realizada no 5º dia de lactação, período no qual o CM apresenta sua intensidade máxima. As mães foram privadas de seus filhotes uma hora antes do início do teste e após 60 minutos da separação da mãe/filhotes, teve o início do teste propriamente dito, colocando-se cada um dos oito filhotes em posições opostas na caixa moradia, sendo então reintroduzida a rata. Os parâmetros avaliados foram: tempo de latência para o recolhimento dos quatro primeiros filhotes, tempo de latência para o início da amamentação e o número total de filhotes recolhidos pela mãe ao final do experimento. Os resultados mostraram que as mães do grupo tratado com 10 mg/kg tiveram aumento significante no tempo de latência para recuperação dos filhotes. Além disso, as mães tratadas com 1, 10 e 20 mg/kg apresentaram aumento significante no tempo de latência para o início da amamentação e as mães dos grupos de 1 e de 10 mg/kg apresentaram redução significante no número total de filhotes recolhidos ao final do experimento com relação ao grupo controle. Esses resultados sugerem que à exposição ao antidepressivo promoveu prejuízo motor nos animais, principalmente na dose intermediária de 10 mg/kg. Ratas lactantes tratadas com o antidepressivo fluoxetina apresentaram efeitos colaterais com prejuízo dos seus comportamentos maternais.