Avaliação do potencial desregulador endócrino da atrazina em caprinos machos adultos, resultados parciais. (projeto em andamento)

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T. B. Ferreira
A. T. Gotardo
S. L. Górniak

Resumo

Introdução: Nos últimos anos a constatação de que muitas substâncias produzidas para diferentes fins podem afetar o sistema endócrino dos animais é uma preocupação de grande importância toxicológica à medida que tais substâncias podem se tornar contaminantes ambientais. Por alterarem a homeostase de diferentes hormônios, tais substâncias passaram a ser chamadas de “desreguladores endócrinos” (DE). Um exemplo é a atrazina (ATR), herbicida, largamente utilizado na agricultura em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Assim, o presente trabalho foi delineado para avaliar o potencial DE da atrazina em caprinos machos. Para isto, os animais foram divididos em dois grupos; um experimental, que recebeu a atrazina (ATR, n=5), na dose de 7,5mg/kg/dia, via oral, por um período de 60 dias; e um grupo controle (CO, n=5), que não recebeu qualquer tratamento experimental. Quinzenalmente até o 60º dia experimental, foram realizadas as análises: hematológica, bioquímica e reprodutiva. Não foram observadas diferenças significantes entre os valores destes diferentes parâmetros entre os animais dos diferentes grupos. Contudo qualquer conclusão a respeito do efeito DE da ATR em ruminantes neste momento seria precipitada, haja vista que o protocolo proposto para tal avaliação compreende um período experimental de até 120 dias, sendo os resultados aqui apresentados parciais obtidos até o 60º dia de experimento.

Introdução: Nos últimos anos foi constatado que muitas substâncias produzidas para diferentes fins podem afetar o sistema endócrino dos animais e passaram a ser de grande importância toxicológica à medida que se tornam contaminantes ambientais. Por alterarem a homeostase de diferentes hormônios, estas substâncias tem sido chamadas de “desreguladores endócrinos” (DE) [1]. Neste sentido, alguns herbicidas, inseticidas e fungicidas já mostraram sua atividade DE, em roedores, anfíbios e peixes [2,3,4,5,6]. Há muito se tem ciência dos efeitos das substâncias DE sobre animais de laboratório, tais como roedores; porém uma busca na literatura deixa clara a ausência de estudos e de protocolos para avaliação de DEs em animais de produção como os ruminantes. A exposição a estes diversos DEs, sejam eles agentes terapêuticos e/ou produtos químicos contaminantes ambientais, pode ter grande impacto econômico na produção de ruminantes [7]. Um exemplo é a atrazina (ATR), um herbicida, largamente utilizado nas culturas de milho e cana-de-açúcar em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Atualmente sabe-se que a ATR é um DE [8]. Seus efeitos em roedores machos adultos revelaram alterações como: redução do número e da motilidade dos espermatozoides [8], retardo da maturação sexual, atrofia testicular e diminuição dos níveis de testosterona [9]. Assim, tendo em vista os riscos da exposição de ruminantes aos DEs o presente trabalho foi delineado para avaliar o potencial DE da atrazina em caprinos machos. Para isso foi empregado o protocolo para avaliação de possíveis DEs em ruminantes que vem sendo desenvolvido por este grupo de pesquisa [10].

Materiais e métodos: Foram utilizados bodes adultos (18 meses), da raça Pardo Alpina. Previamente os animais foram separados em dois grupos: um experimental, que recebeu a atrazina (ATR, n=5), na dose de 7,5mg/kg/dia, via oral, por um período de 60 dias; e um grupo controle (CO, n=5), que não recebeu qualquer tratamento experimental. Todos os animais tiveram a sua dieta complementada com canade- açúcar (Sacharum officinarum L.), ração comercial, suplementação mineral e água, ad libitum. Quinzenalmente, os animais foram pesados e clinicamente avaliados. Nos dias experimentais 0, 30 e 60, foi mensurado o perímetro escrotal e aferida a consistência testicular dos animais; posteriormente foi realizada a coleta do sêmen por eletroejaculação para monitoramento dos seus perfis espermáticos, as amostras de semêm foram submetidas à avaliação computadorizada da motilidade espermática e análise de morfologia. Também nestas mesmas datas foi coletado o sangue dos animais para dosagem de enzimas e de componentes sanguíneos: proteína total, albumina, ureia, creatinina, aspartato amino transaminase, gama glutamil transferase, leucócitos, eritrócitos, hemoglobina, plaquetas.

Resultados: Não foi evidenciada nenhuma manifestação clínica característica da intoxicação pela ATR. Também não foi observada nenhuma alteração digna de nota referente a: frequências cardíaca e respiratória, temperatura corpórea, coloração de mucosas e ganho de peso em ambos os grupos. As dosagens enzimáticas e os componentes sanguíneos mostraram flutuações de algumas variáveis , porém esses valores permaneceram dentro dos limites normais para a espécie caprina. A avaliação andrológica realizada não revelou alterações estatisticamente significantes entre os grupos nas variáveis: consistência testicular e perímetro escrotal. Da mesma forma, também não foram observadas alterações na motilidade e morfologia espermática. Embora os resultados parciais obtidos até o presente não revelem qualquer efeito DE da ATR, espera-se que com a exposição dos animais por um período maior, bem como com as análises hormonais e histopatológicas a serem realizadas ao término do período experimental venha a ser obtida uma conclusão mais precisa sobre o potencial DE da ATR em ruminantes, sabendo que este herbicida é um DE clássico para roedores.

Conclusão: Qualquer conclusão a respeito do efeito DE da ATR em ruminantes neste momento seria precipitada, haja vista que o protocolo proposto para tal avaliação compreende um período experimental de até 120 dias, sendo os resultados aqui apresentados parciais até o 60º dia de experimento. Além disso, vale salientar que o presente estudo auxiliará no desenvolvimento do protocolo para avaliação DE em ruminantes o qual vem sendo elaborado por este laboratório.

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Como Citar
FERREIRA, T. B.; GOTARDO, A. T.; GÓRNIAK, S. L. Avaliação do potencial desregulador endócrino da atrazina em caprinos machos adultos, resultados parciais. (projeto em andamento). Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 13, n. 1, p. 77-78, 28 abr. 2015.
Seção
SEMANA CIENTÍFICA PROF. DR. BENJAMIN EURICO MALUCELLI