A influência da desnutrição proteíca sobre a produção DE GM-CSF E M-CSF por macrófagos peritoneiais
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Resumo
Introdução e objetivos: A hematopoese é o processo de formação e desenvolvimento de células sanguíneas. Esse processo está sob o controle de diversas citocinas e fatores de crescimento. Dentre esses fatores destaca-se o fator estimulador de colônia de macrófagos (M-CSF) e o fator estimulador de colonias de granulócitos e macrófagos (GM-CSF) que são importantes para o desenvolvimento e formação de monócitos e macrófagos [1,2]. Os fatores M-CSF e GM-CSF fazem a mediação da sobevivência, diferenciação, e modulação funcional de várias populações de células sanguíneas. Apesar de diferentes populações mielóides responderem a esses fatores, a linhagem celular de macrófagos é o alvo comum dos dois fatores [3,4]. M-CSF é detectável na circulação em estado basal, no entanto a produção de GM-CSF normalmente precisa de estímulo como, por exemplo, estímulos inflamatórios para ser facilmente mensurável in vivo [4,5]. Num estado de desnutrição protéica a resposta imune e a hematopoese estão comprometidas. O comprometimento da produção de células sanguíneas com redução de células progenitoras hematopoéticas, hipoplasia e alterações estruturais medulares em animais desnutridos, o que em parte contribui para a leucopenia periférica e neutropenia, comprometendo tanto a resposta imune inata quanto a resposta imune adaptativa, comumente encontrada nos estados de desnutrição protéica foi demonstrado [6,7]. Sabendo que a desnutrição proteíca pode prejudicar a resposta imune e a hematopoese, e considerando a importância do M-CSF e GM-CSF nos dois processos, o presente trabalho foi delineado para pesquisar a influência da desnutrição proteíca na produção de M-CSF e GMCSF.
Materiais e métodos: Foram utilizados camundongos BALB/c machos com dois meses de idade. Os animais foram mantidos nas mesmas condições ambientais (ciclo 12 horas claro/escuro, Temperatura de 22-25ºC e 55% de umidade) e separados aleatoriamente entre grupo controle e grupo desnutrido. Os animais do grupo desnutrido receberam ração hipoproteíca (n=12), com uma dieta contendo 2% de proteína, enquanto os camundongos controle (n=12) foram alimentados com uma dieta contendo 12% de proteína por cerca de quatro semanas. As rações continham 100 g/kg de sacarose, 80g/ kg de óleo de milho, 10g/kg de fibra, 2,5g/kg de bitartarato de colina, 1,5g/kg de L- metionina, 40 g/kg de mistura de minerais e 10 g/kg de mistura vitamina. A ração controle continha 120g/kg de caseína e 636g/kg de amido de milho e a ração hipoproteíca continha 20 g/kg de caseína e 736g/kg de amido de milho. Com exceção do teor de proteínas, as duas dietas eram idênticas e isocalóricas. Esse estudo foi aprovado pelo comitê de ética da faculdade de Ciências Farmaceuticas da Universidade de São Paulo. Foram avaliados o consumo de ração, a variação de peso corpóreo, a quantificação de albumina e proteínas plasmáticas e o hemograma. As células da cavidade peritoneal foram coletadas, quantificadas e posteriormente foram utilizadas para a avaliação da expressão de RNAm de M-CSF e GM-CSF por PCR. Células cultivadas in vitro na concentração de 1x106 células/mL e estimuladas ou não com TNF-α (10ng/mL) por 2 horas foram utilizadas para quantificação da produção de M-CSF e GM-CSF no sobrenadante por ELISA.
Resultados: Os animais desnutridos apresentaram anemia, leucopenia, redução de células da cavidade peritoneal. A produção de M-CSF não apresentou diferença entre os grupos, no entanto células dos animais desnutridos apresentaram capacidade reduzida de produção de GM-CSF (TABELA1). Os resultados não mostraram diferença na expressão de RNAm do M-CSF, no entanto a expressão de GM-CSF estava reduzida nos animais do grupo desnutrido quando comparado com os respectivos controles (Figura 1A e 1B). A produção de M-CSF dos animais do grupo controle e desnutridos não apresentaram diferenças na produção dessa citocina em células estimuladas ou não com TNF-α (Figura 2A). Os resultados mostraram que os animais do grupo desnutrido quando estimulados ou não com TNF-α, produzem menor quantidade de GM-CSF quando comparado com animais do grupo controle (Figura 2B).
Conclusão: No presente trabalho, foi demonstrada a existência de uma redução na produção de GM-CSF e na expressão do RNAm de GM-CSF em animais desnutridos. Este padrão de produção de citocinas pode ser um dos aspectos que explicam a imunodeficiência e alterações da hematopoese comumente encontradas em situação de desnutrição protéica.
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