Fusariose cutânea em um gato com infecção retroviral: primeiro caso no Brasil
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Resumo
Os fungos do gênero Fusarium sp. são oportunistas, comumente encontrados no solo como saprófitas ou fitopatógenos. A infecção é incomum em mamíferos, em humanos afeta principalmente indivíduos imunocomprometidos, ocasionando lesões cutâneas isoladas ou sistêmicas. Em cães e gatos o F. Proliferatum e F. Solani são os principais agentes da fusariose nos quais têm sido descritas infecções por inolação traumática, contaminação de lesão preexistente ou do leito ungueal a partir do ambiente, mormente em indivíduos imunocomprometidos. O presente trabalho relata o primeiro caso de fusariose cutânea felina no Brasil. Um gato macho, castrado, mestiço, 12 anos, extra-domiciliar, foi conduzido para atendimento com histórico de anorexia, emaciação e claudicação associado a um nódulo, circunscrito, de 5cm, violáceo e flutuante, na superfície flexora do carpo torácico direito. Uma paroníquia nodular, associada à onicodistrofia também foi observada no quinto dígito do mesmo membro. A avaliação radiográfica do membro não apresentou alterações. A avaliação citopatológica revelou inflamação piogranulomatosa associada a múltiplas hifas íntegras e fragmentadas. O exame dermatohistopatológico identificou a presença de uma dermatite piogranulomatosa de aspecto difuso na derme reticular, envolvendo hifas fragmentas PAS c/d positivas. Na cultura fúngica em ágar Saboraud houve o crescimento de colônias irregulares, de coloração amarelada e de textura flocosa, com características macro e microscópicas compatíveis com Fusarium sp. Em conjunto foi realizada a dosagem de t4 livre que apresentou resultado normal e a PCR, que foi positiva para micoplasma hemotrópico e para infecção pelo vírus da imunodeficiência felina. Os exames laboratoriais do paciente constataram a existência de anemia discreta, elevação de ureia e creatinina e perda proteica urinária. O tratamento instituído com fluidoterapia, interferon, doxiciclina e itraconazol conduziu a melhora sintomato- lesional dois meses após seu início. Conclui-se que a imunossupressão pode ser um fator determinante para a ocorrência desta infecção fúngica oportunística e que a identificação precoce da fusariose e de comorbidades são de extrema importância para que não ocorra a disseminação do agente e o estabelecimento de quadros mórbidos fatais.
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