Pênfigo foliáceo supostamente induzido por cefalexina em cães - relato de quatro casos
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Resumo
Pênfigo foliáceo é uma dermatopatia autoimune, caracterizada, em cães, pela presença de auto-anticorpos contra desmocolina I desmossomal, o que conduz à acantólise e formação de pústulas subcorneais ou intragranulares. Casos de pênfigo induzidos por fármacos (PFF) têm sido descritos no homem, porém são incomuns em animais. Os fármacos comumente associados ao pênfigo foliáceo são aqueles contendo grupos tióis ou enxofre em sua molécula, que sofrem transformação metabólica e são capazes de se ligar às moléculas de adesão e causar modificação antigênica, estimulando a produção de autoanticorpos. Relata-se assim o caso de quatro cães com PFF após o uso de cefalexina. Destes, três eram machos e um fêmea, a idade mediana foi de 5,1 anos, sendo um Sharpei, um Bernesse, um ShihTzu e um mestiço. Eritema, múltiplas pústulas e vesículas purulentas, que se rompiam facilmente e geravam lesões erodo-ulcerativas, de prurido variável, encimadas por crostas hemato-melicéricas nos pavilhões auriculares, ponte e espelho nasal, regiões abdominal e inguinal foram observados em três cães. Hiperqueratose e múltiplas pústulas nos coxins e superfície côncava dos pavilhões auriculares foram observadas em um cão. Em todos os cães, a análise citopatológica pustular revelou inúmeras células de Tzanck e a avaliação dermatohistopatológica demonstrou pústulas subcorneais compostas por neutrófilos e inúmeros queratinócitos acantolíticos, subsidiando o diagnóstico de pênfigo foliáceo. Completa involução sintomato-lesional foi observada no ShihTzu e no cão mestiço após dois a seis meses de tratamento com prednisolona (2 a 4mg/ kg/VO) associado à azatioprine (2mg/kg/VO/SID), as quais não recorreram após suspensão. Os cães Sharpei e Bernesse tiveram generalização do quadro clínico, mesmo na vigência do tratamento imunossupressor e evoluíram para óbito. O pênfigo foliáceo farmacodérmico geralmente tem evolução subaguda e topografia lesional generalizada, apresentando prognóstico reservado. Todos os cães descritos foram medicados com cefalexina, fármaco que possui grupos de enxofre em sua molécula, o que pode ter favorecido a produção de auto-anticorpos contra moléculas juncionais. PFF secundário ao uso deste fármaco parece ter caráter idiossincrásico e é incomum, porém deve sempre ser considerado em cães com aparecimento de lesões subagudas de caráter pustular multifocal ou generalizado.
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