Percepções sobre zoonoses em tutores de animais participantes de mutirão de castração
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Resumo
A população de cães e gatos cresceu de forma desordenada devido à carência de políticas públicas eficientes. Esse descontrole populacional afeta os animais humanos e não humanos podendo gerar problemas para a saúde pública. Essa problemática pode ser agravada pelo desconhecimento sobre as causas, formas de tratamentos e transmissão das zoonoses. Portanto, faz-se necessário a inserção nas ações educativas para tutores de animais de esclarecimentos sobre as principais zoonoses relacionadas aos cães e gatos. O Programa de Extensão Adote um Vira-Lata da Universidade Federal de Pernambuco promove, desde 2013, mutirões de castração para a comunidade em vulnerabilidade social. Enquanto os animais são operados, os tutores participam de um diálogo sobre a cirurgia, os cuidados no pós-operatório e a relação dos seus animais com a saúde pública. O presente trabalho consistiu na realização de entrevistas com os tutores dos animais atendidos no mutirão de castração destinadas a levantar o seu nível de conhecimento sobre as zoonoses, as suas possíveis causas e formas de transmissão. A pesquisa foi realizada com questões objetivas e subjetivas sobre zoonoses e sua relação com higiene e cuidados com o animal. A seleção dos entrevistados foi efetuada com base na quantidade de animais levados ao mutirão, com o mínimo de três animais, pois são os que possivelmente têm maior contato e correriam mais riscos. Foram entrevistados 17 tutores que, juntos, possuem um total de 179 animais. De todos eles 16 afirmaram que fezes e urina podem ser transmissores de doenças. Apesar de a sarna ser comum nas periferias e que muitos animais atendidos nos mutirões estarem acometidos por essa zoonose, apenas dois informantes citaram o toque como forma de contrair doenças. Quando perguntados sobre a leptospirose, 12 demonstraram conhecimento sobre transmissão e prevenção, apenas um demonstrou conhecimento sobre toxoplasmose (“doença do gato”), enquanto 14 não a conheciam r e dois acreditavam que era uma doença transmitida com contato com os pelos dos gatos. De forma semelhante, a larva migrans cutânea (“bicho geográfico”) é desconhecida por 12 dos entrevistados. Entre os tutores, 14 têm animais que defecam e urinam na residência (quintal ou em caixa de areia) e, com exceção de um tutor, os demais realizam a higiene do local diariamente. Entretanto, dos seis tutores em que os respectigvos animais também defecam nas ruas, apenas um recolhe as fezes, demonstrando a existência de uma maior preocupação com o domicílio que com o ambiente urbano. Entre as zoonoses, a raiva foi a mais conhecida, sendo citado por 15 informantes que mordida e a lambida podem transmitir doenças. Tal conhecimento provavelmente se deve às campanhas de prevenção oferecidas pelo governo, nas quais também poderiam ser incluídas informações sobre outras zoonoses, potencializando os aspectos de prevenção. Diante do exposto, percebe-se que, mesmo após as conversas educativas, há muito desconhecimento sobre zoonoses recorrentes, como sarna e larva migrans, bem como sobre a toxoplasmose, responsável por vários casos de abandono de felinos. Conclui-se, portanto, da urgente necessidade da intensificação do acesso da população a informações e campanhas educativas sobre zoonoses de animais domésticos, primordiais para o bem-estar animal e a promoção da saúde coletiva.
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