Mutirão de castração do programa de extensão “adote um vira-lata” (UFPE/Recife): avaliação dos tutores participantes entre 2013-2014
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Resumo
A castração de cães e gatos, uma das diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o controle de zoonoses, vem sendo utilizada como uma das estratégias para promover o controle populacional e reduzir o abandono em diferentes cidades do mundo. Além das cirurgias, a OMS recomenda a identificação dos animais por microchipagem e a educação dos tutores para a guarda responsável. Seguindo esse modelo, o Programa de Extensão Adote Um Vira-Lata/Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) vem realizando desde 2013 mutirões de castração ofertados para os cães e gatos (com prioridade para fêmeas) do bairro da Várzea em Recife-PE, localizado no entorno da universidade. A cada mutirão é realizado um cadastro prévio baseado no modelo do Programa de Saúde da Família (PSF), que consiste em visitas domiciliares, nas quais as pessoas recebem as informações necessárias sobre a cirurgia. Os tutores inscritos são os que são identificados como pertencentes às áreas de maior vulnerabilidade social, nas quais o número de animais nas ruas é expressivo. O mutirão ocorre em um prédio da UFPE, contando com uma equipe de quatro veterinários contratados e cerca de dez extensionistas, alunos das graduações de Ciências Biológicas e Ambientais. Após 18 mutirões, foi efetuada a avaliação dos resultados do serviço prestado visando particularmente o incremento das ações e a observação dos respectivos impactos na comunidade atendida. A avaliação baseou-se na aplicação de um questionário misto, respondido por 17 tutores de animais castrados pelo programa, selecionados por terem participado de mais de um mutirão e levado a um número considerável de animais (179 ao todo). O questionário foi elaborado com o intuito de ouvir a opinião do público alvo em relação ao trabalho da equipe extensionista, e suas percepções sobre essas ações em relação aos seus animais, bem como aos animais de sua vizinhança e do bairro. A avaliação geral sobre o mutirão de castração foi positiva, já que todos os entrevistados consideraram a ação muito boa e afirmaram tê-la indicado para vizinhos e parentes que possuem animais. Antes do mutirão, dez (58,8%) tutores nunca tinham enviado um animal de sua propriedade para ser castrado, o que remete à carência de informação em relação ao tema e de acesso à cirurgia. Todos os entrevistados afirmaram que castrariam outro animal no mutirão. Sobre os impactos causados pela realização do programa, na comunidade, 14 (82,3%) tutores relataram ter percebido uma diminuição na quantidade de animais, principalmente filhotes, nas ruas do bairro. Dos entrevistados, 15 (88,2%) não conheciam nenhuma ação governamental voltada para o controle populacional de cães e gatos e dois citaram como possibilidades o Centro de Vigilância Ambiental (CVA) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), demonstrando a falta de penetração das ações da Secretaria Executiva de Direitos dos Animais de Recife, criada em 2012. A maior parte das sugestões para a melhoria do mutirão foi a inclusão da castração dos machos, o aumento da divulgação do cadastro e do número de mutirões realizados. Assim, diante do observado, pode-se concluir que esse tipo de ação extensionista, além de contribuir para o controle populacional na região atendida, também pode servir como modelo para a implementação de políticas públicas mais efetivas pelos órgãos governamentais, promovendo uma melhoria na saúde coletiva das comunidades atendidas.
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