Mutirão de castração do programa de extensão “adote um vira-lata” (UFPE/Recife): avaliação dos tutores participantes entre 2013-2014

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Ednally Vanessa De Freitas Barbosa
Ivo Raposo Gonçalves Cidreira Neto
Maria Helena Costa Carvalho De Araújo Lima
Ariene Cristina Dias Guimarães-Bassoli

Resumo

A castração de cães e gatos, uma das diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o controle de zoonoses, vem sendo utilizada como uma das estratégias para promover o controle populacional e reduzir o abandono em diferentes cidades do mundo. Além das cirurgias, a OMS recomenda a identificação dos animais por microchipagem e a educação dos tutores para a guarda responsável. Seguindo esse modelo, o Programa de Extensão Adote Um Vira-Lata/Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) vem realizando desde 2013 mutirões de castração ofertados para os cães e gatos (com prioridade para fêmeas) do bairro da Várzea em Recife-PE, localizado no entorno da universidade. A cada mutirão é realizado um cadastro prévio baseado no modelo do Programa de Saúde da Família (PSF), que consiste em visitas domiciliares, nas quais as pessoas recebem as informações necessárias sobre a cirurgia. Os tutores inscritos são os que são identificados como pertencentes às áreas de maior vulnerabilidade social, nas quais o número de animais nas ruas é expressivo. O mutirão ocorre em um prédio da UFPE, contando com uma equipe de quatro veterinários contratados e cerca de dez extensionistas, alunos das graduações de Ciências Biológicas e Ambientais. Após 18 mutirões, foi efetuada a avaliação dos resultados do serviço prestado visando particularmente o incremento das ações e a observação dos respectivos impactos na comunidade atendida. A avaliação baseou-se na aplicação de um questionário misto, respondido por 17 tutores de animais castrados pelo programa, selecionados por terem participado de mais de um mutirão e levado a um número considerável de animais (179 ao todo). O questionário foi elaborado com o intuito de ouvir a opinião do público alvo em relação ao trabalho da equipe extensionista, e suas percepções sobre essas ações em relação aos seus animais, bem como aos animais de sua vizinhança e do bairro. A avaliação geral sobre o mutirão de castração foi positiva, já que todos os entrevistados consideraram a ação muito boa e afirmaram tê-la indicado para vizinhos e parentes que possuem animais. Antes do mutirão, dez (58,8%) tutores nunca tinham enviado um animal de sua propriedade para ser castrado, o que remete à carência de informação em relação ao tema e de acesso à cirurgia. Todos os entrevistados afirmaram que castrariam outro animal no mutirão. Sobre os impactos causados pela realização do programa, na comunidade, 14 (82,3%) tutores relataram ter percebido uma diminuição na quantidade de animais, principalmente filhotes, nas ruas do bairro. Dos entrevistados, 15 (88,2%) não conheciam nenhuma ação governamental voltada para o controle populacional de cães e gatos e dois citaram como possibilidades o Centro de Vigilância Ambiental (CVA) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), demonstrando a falta de penetração das ações da Secretaria Executiva de Direitos dos Animais de Recife, criada em 2012. A maior parte das sugestões para a melhoria do mutirão foi a inclusão da castração dos machos, o aumento da divulgação do cadastro e do número de mutirões realizados. Assim, diante do observado, pode-se concluir que esse tipo de ação extensionista, além de contribuir para o controle populacional na região atendida, também pode servir como modelo para a implementação de políticas públicas mais efetivas pelos órgãos governamentais, promovendo uma melhoria na saúde coletiva das comunidades atendidas.

Detalhes do artigo

Seção

VI CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO

Como Citar

Mutirão de castração do programa de extensão “adote um vira-lata” (UFPE/Recife): avaliação dos tutores participantes entre 2013-2014. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, [S. l.], v. 13, n. 3, p. 71–71, 2016. Disponível em: https://revistamvez-crmvsp.com.br/index.php/recmvz/article/view/28912. Acesso em: 5 dez. 2025.