Síndrome serotoninérgica secundária à administração de tramadol em gato – relato de caso

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S. V. M. Corrêa
A. Ferreira

Resumo

Introdução: O cloridrato de tramadol, inibidor da receptação da serotonina, tem sido utilizado em felinos para o manejo da dor. Em humanos, o medicamento pode desencadear um quadro conhecido como síndrome seratoninérgica, caracterizado por hipersalivação, midríase, desorientação, convulsão, dispneia, taquicardia, hipertensão e hipertermia, que pode evoluir para o óbito. Em gatos, há apenas um relato dessa manifestação clínica após sobredose de tramadol. O presente trabalho relata a ocorrência de um quadro típico de síndrome seratoninérgica em felino após a administração da dose preconizada de tramadol. Relato de caso: Um felino, macho, SRD, 3kg, 17 anos, doente renal crônico, foi atendido no Hospital Veterinário Anhembi Morumbi com relato de anorexia, êmese, disquezia e dificuldade de deambulação. Administrou-se por via intravenosa fluidoterapia cloridrato de ranitidina (2mg/kg) e cloridrato de ondansetrona (0,5mg/kg) e, por via intramuscular, cloridrato de tramadol (2mg/kg). Quatro horas depois, o animal apresentou hipersalivação e agitação, evoluindo rapidamente para midríase, desorientação, taquicardia e intensa dispneia, com queda de saturação, exigindo intubação. Diante da impossibilidade de extubação, a responsável optou por eutanásia e não autorizou a necropsia. Discussão: O animal era acompanhado havia 14 meses, já tendo recebido todas as demais medicações administradas, exceto tramadol. Nas análises hematológica, bioquímica, eletrolítica e hemogasométrica, as únicas alterações eram a azotemia (creatinina 5,25mg/dL, ureia 196mg/dL) e hiperfosfatemia (10mg/dL). Diante do quadro e da ausência de histórico de possível intoxicação por outras substâncias, fixou-se o diagnóstico presuntivo de síndrome seratoninérgica, possivelmente agravada pela administração conjunta do tramadol com a ondansetrona (antagonista seletivo de receptor de serotonina) e pela existência de doença renal que retarda a excreção dos fármacos e de seus metabólitos. O tratamento suporte inclui oxigenioterapia, fluidoterapia, administração de antitérmicos, benzodiazepínicos e vasopressores, conforme necessário. O tratamento específico consiste em administração de ciproeptadina (2mg/kg). Conclusão: O uso combinado de fármacos que aumentam a concentração de serotonina deve ser feito com cautela em animais nefropatas. A síndrome seratoninérgica deve estar entre os diagnósticos diferenciais para pacientes com alterações do quadro clínico após a administração de tramadol. 

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Como Citar
CORRÊA, S. V. M.; FERREIRA, A. Síndrome serotoninérgica secundária à administração de tramadol em gato – relato de caso. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 14, n. 3, p. 55-55, 21 dez. 2016.
Seção
RESUMOS CONPAVET