Vaccinia virus: presença de DNA viral no leite de vacas experimentalmente infectadas
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Resumo
A Vaccinia bovina (VB), zoonose emergente, causada pelo Vaccinia virus (VACV) é caracterizada pelo surgimento de lesões ulceradas no teto das vacas em lactação e nas mãos e braços de ordenhadores. A partir da década de 1990, o número de casos de VB vem crescendo, sendo hoje identificados surtos em quase todos os estados brasileiros. A doença é subnotificada e as medidas de contenção necessárias para o seu controle são frequentemente desconhecidas, favorecendo a disseminação da doença. Os prejuízos econômicos relacionados à VB estão associados principalmente à queda brusca na produção do leite, presença de infecções secundárias e aumento dos gastos com medicamentos. Estudos prévios revelaram a presença tanto de DNA, quanto de partículas virais infecciosas do VACV, no leite de vacas doentes em surtos de VB em Minas Gerais, chamando a atenção para o potencial risco à saúde pública. Porém, permanecem desconhecidos o perfil de eliminação do vírus no leite de vacas acometidas e a origem das partículas virais presentes no leite. Este trabalho objetivou pesquisar a presença do DNA viral através da técnica de PCR, em leite de animais experimentalmente infectados, e de estabelecer o período e o perfil de eliminação do vírus no leite. Oito vacas mestiças em lactação, soronegativas para o VACV, foram inoculadas com VACV, amostra GP-2 (isolada de surto de VB ocorrido no município de Guarani, MG), na concentração de 106 PFU/50 μL.Os tetos foram escarificados com lixa, sendo que o teto posterior esquerdo (TPE) de cada vaca não foi inoculado, servindo de controle negativo. Amostras de leite foram coletadas durante 32 dias ininterruptos e alternados até o 60º dia, sendo os dias pares coletados com uma sonda estéril e os dias ímpares através de ordenha manual. Todas as amostras foram submetidas à PCR para o gene vgf. Entre o segundo e o quarto dia pós-infecção (DPI), todos os tetos, com exceção do TPE, apresentaram lesões típicas de VB que cicatrizaram em média após 21 dias. Foi possível detectar a presença de DNA viral no leite a partir do terceiro DPI e, de forma intermitente, até o sexagésimo dia. O leite derivado dos tetos inoculados do controle (TPE), de todas as oito vacas, apresentaram, em algum momento, DNA viral. Além disso, indiferentemente da forma de coleta (manual ou com sonda), foi possível detectar o DNA viral no leite. Esses resultados mostram que o vírus pode ser eliminado de forma intermitente no leite durante e após a fase aguda da doença, mesmo após a cicatrização total das lesões, sugerindo uma possível infecção sistêmica e persistente.
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