Intercorrências do programa municipal de esterilização cirúrgica em animais atendidos no hospital veterinário da UFMG, de 2012 a 2015
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Resumo
Desde 2003, a prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ-BH), iniciou a discussão para implantação de um Programa de Controle Ético da População Animal, no qual uma das ações de maior relevância é o controle populacional de cães e gatos, com o emprego de cirurgias de esterilização. Embora sejam considerados procedimentos cirúrgicos tecnicamente simples, há risco de complicações, que podem ser classificadas em intraoperatória, pós-operatória imediata, mediata ou tardia. O trabalho analisou as fichas clínicas de cães e gatos atendidos no Hospital Veterinário da UFMG (HV-UFMG) por intercorrências provenientes das esterilizações realizadas pelo programa da PBH. Foram analisadas as fichas dos animais entre junho de 2012 a outubro de 2015, por meio do sistema eletrônico do HV-UFMG. Os dados foram digitados em uma planilha no Microsoft Excel. As variáveis analisadas foram: espécie, sexo, e tipo de intercorrência oriunda da esterilização. No período de estudo, foram esterilizados no município 60.415 animais. Desses, 169 (0,3%) deram entrada no HV por apresentarem intercorrências (11 animais – 6,5% para necropsia e 158 – 93,5% para atendimento). Dos 169 animais em questão, 115 representaram a espécie canina (68,0%), 92 fêmeas (80,0%) e 23 machos (20,0%). Quanto aos felinos, somaram-se 54 animais (32,0%), 42 fêmeas (77,8%) e 12 machos (22,2%). A complicação mais comum foi hemorragia, com 65 casos (38,5%), seguida de intoxicação medicamentosa pela anestesia/retorno anestésico lento, em que foram relatados 22 casos (13,0%). Quanto à reação inflamatória ao fio ou lacre e ocorrência de granulomas, houve 12 casos (7,1%); útero e ovário remanescente esteve presente em seis animais (3,6%); problemas no trato urinário foram relatados em quatro pacientes (2,4%), todos felinos; ruptura de baço ocorreu em dois animais (1,2%). Ruptura de bexiga, perfuração intestinal, hérnia incisional, ligamento de ureter, soltura do lacre e ruptura da musculatura no local da cirurgia foram relatados uma vez, cada (0,6%). Dos que entraram vivos, cinco vieram a óbito (3,0%) por motivos diversos, dentre eles: hemorragia, parada cardiorrespiratória, ruptura de bexiga, reação ao lacre e negligência do proprietário com administração incorreta da medicação pós-operatória. Por ausência de histórico anterior do animal ou exames pré-operatórios, sete animais com doenças já estabelecidas foram esterilizados e apresentaram complicações, resultando em dois óbitos, anteriormente mencionados. As ações de esterilização gratuita da população animal promovidas pela PBH são referência no Estado, beneficiando muitos proprietários, principalmente os que não podem custear o procedimento. Todavia, os animais estão sujeitos a apresentar complicações antes, durante ou depois da cirurgia, visto que, na maioria das vezes, o proprietário desconhece ou omite a presença de alguma doença ou outro fator que pode se tornar um agravante na recuperação do animal. A parceria do serviço público de controle populacional animal com a Escola de Veterinária da UFMG poderá auxiliar na formulação de procedimentos destinados a minimizar essas complicações visando ao bem-estar animal e à maior adesão dos proprietários ao Programa de Controle Ético da População Animal.
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