Perfil comportamental do gato doméstico (Felis silvestris catus), sem raça definida criado em abrigo, na relação social com outros gatos
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Resumo
Os gatos foram domesticados há pelo menos 9.500 anos, quando ser humano descobriu, com o surgimento das sociedades agrícolas, que poderiam ser utilizados para proteger as colheitas contra os roedores. A morfologia e a aptidão predatória herdadas de seus ancestrais felídeos permaneceram inalteradas por muitos séculos e, como consequência da pouca influência do ser humano em seu acasalamento seletivo, os gatos apresentam uma organização social muito semelhante à de seus antepassados. Por possuírem características físicas, comportamentais e de adaptabilidade que facilitam seu convívio em ambientes diversos rurais ou urbanos, os gatos têm encontrado maior aceitação como animal de estimação na vida moderna, embora também tenham sofrido abandonos e maus-tratos por serem pouco compreendidos. Dessa forma, entender melhor essa espécie tem sido uma necessidade crescente para o seu bem-estar e convívio bem-sucedido com a espécie humana. O trabalho estudou gatos domésticos (Felis s. catus) sem raça definida (263 animais) criados em abrigos (24) na região metropolitana do Recife, de ambos os sexos e idade variada, identificando seus traços comportamentais de modo a ser traçado seu “perfil comportamental” na relação social com outros gatos conhecidos (gc) e desconhecidos (gd). Os resultados exibiram para o escore muito/ com frequência os traços comportamentais “sociável”, com 92,78% para gc e 80,92% para gd; “curioso”, com 84,23% para gc e 83,85% para gd; “aprecia deitar junto” com 80,61%, “aprecia carícias” com 82,76%, “brincalhão” com 53,99% para gc e 42,0% para gd; “vocalização” com 9,27% para gc e 8,54% para gd; “agressivo” com 1,52% para gc e 5,51% para gd; e “inseguro” com 3,04% para gc e 7,34% para gd. Os resultados obtidos revelaram que o perfil comportamental de gatos de abrigo na relação social com outros gatos incluiu animais muito sociáveis, dóceis, curiosos e autoconfiantes, que apreciam muito deitar juntos e receber carícias, brincalhões, e pouco vocais. Esses achados trazem informações relevantes sobre a capacidade de adaptação dos gatos de abrigos ao convívio em grupo, muitas vezes superpopulosos, e sem opções de escolhas; e onde, apesar do alto padrão de estresse esperado, eles buscam uma harmonia no convívio, que permite melhor grau de bem-estar animal do grupo.
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