Recomendações profiláticas para um abrigo de animais diante de um surto de dermatofitose
##plugins.themes.bootstrap3.article.main##
Resumo
A dermatofitose é uma micose zoonótica com elevada prevalência e de grande importância para a saúde pública. Os felinos podem exercer importante papel como reservatórios do fungo na condição de portadores assintomáticos. A infecção ocorre pelo contato direto com indivíduos doentes ou assintomáticos e por meio de fômites. Trata-se de uma doença de difícil controle, e a pesquisa relata as recomendações profiláticas implantadas em um abrigo de animais que apresentou um surto da doença. O trabalho foi realizado em um abrigo de cães e gatos abandonados, na cidade de Viamão, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. O local abrigava aproximadamente 50 gatos, que apresentavam sintomatologia compatível com dermatofitose. A partir da confirmação do surto, com o cultivo e o isolamento do fungo, foram estabelecidas as recomendações para o tratamento dos animais enfermos, bem como o controle da disseminação da infecção para animais sadios e para seus tratadores, a fim de evitar transmissão zoonótica da micose. A primeira medida preconizada foi a higienização dos gatis, com a remoção de todos os animais, seguida da limpeza e da desinfecção, com a aplicação de hipoclorito 2,5%, cuja aplicação, com duração de 5 minutos antes do enxágue, incluiu todos os locais onde os gatos permaneciam, bem como pisos e paredes, e cuja frequência estabelecida para desinfecção foi a semanal. Essa etapa é de extrema importância para o sucesso do controle da dermatofitose, pois interrompe o ciclo do fungo no ambiente. É essencial que os animais sejam retirados do local antes da aplicação do desinfetante, para evitar a sua intoxicação. O tratamento tópico foi indicado para todos os gatos, sadios e enfermos, na forma de banhos semanais com xampus a base de clorexidina 3%, cetoconazol, clotrimazol ou miconazol. A associação de terapia antifúngica sistêmica foi indicada nos casos em que os animais apresentam lesões mais severas, com o mesmo princípio ativo do tratamento tópico. Foi preconizado que todos os animais que tiveram contato com o fungo deveriam receber o tratamento pois muitos poderiam ser portadores assintomáticos. Aconselhou-se a tosa dos felinos para melhor ação do medicamento e sucesso do tratamento. A duração da terapia preconizada é de no mínimo 30 dias, variando de acordo com a resposta individual do animal. A existência de animais portadores assintomáticos e a permanência de artroconídios fúngicos viáveis por até 18 meses no ambiente dificultam o controle da dermatofitose. Aliado a esses fatores, a aglomeração de animais pode contribuir negativamente para a eliminação da doença. Aconselhou-se ainda que os tratadores adotassem cuidados básicos para manusear os felinos, preconizando o uso de luvas e a desinfecção das mãos, a fim de evitar sua contaminação, pois os dermatófitos são espécies com elevado potencial zoonótico. A percentagem de tratadores infectados com dermatofitose é muito elevada, podendo atingir até 90%. A infecção dos seres humanos ocorre por contato direto ou indireto com animais infectados e pelo contato com objetos contaminados com pelagem e descamações cutâneas dos animais. Trata-se de uma enfermidade com necessidade de rígido controle e profilaxia. Dessa forma, ressalta-se a importância do médico-veterinário na sanidade animal e na saúde humana, visando a evitar agravos de maior impacto à saúde pública.
##plugins.themes.bootstrap3.article.details##
1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado sob a Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusica da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios instituicionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre);