Contribuição do ver-sus na formação do profissional médico-veterinário para o sistema único de saúde

Resumo

O Sistema Único de Saúde (SUS), regulamentado pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, necessita de profissionais preparados e capacitados para atuar na rede de saúde, especialmente em saúde pública. Nesse cenário, o desenvolvimento de projetos que estabeleçam novas estratégias de ensino-aprendizagem é imprescindível. O trabalho foi delineado para fomentar a discussão a respeito da formação técnica do médico- -veterinário, ressaltando a importância de se ampliar a associação entre o modelo clássico de ensino expositivo com ações práticas que propiciem vivências interdisciplinares, especialmente desenvolvidas em formatos que priorizem a extensão. Para tanto, uma médica-veterinária, estudante de pós-graduação em Medicina Veterinária da UFSM, participou do Projeto Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde do Brasil (VER-SUS), na condição de vivente. A vivência foi ofertada pelo Ministério da Saúde juntamente com a Associação Brasileira da Rede Unida e a Rede Governo Colaborativo em Saúde. O projeto foi realizado no município de Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, na edição 2015/2, no formato de atividade de extensão, com carga horária total de 168 horas, no período de 20 de junho a 2 de agosto de 2015. Foram realizadas visitas aos serviços de saúde de Santa Maria e região, palestras com profissionais que atuam no SUS e rodas de conversas. Todas as atividades foram posteriormente debatidas em grupos menores, denominados de núcleos base (NB), norteados por um estudante facilitador. Durante a vivência os estudantes ficaram acampados no Campus I da UFSM. Dessa forma, viventes e facilitadores dedicavam-se integralmente às atividades práticas, aprimorando seus conhecimentos sobre o SUS, o que permitiu o contato com as reais limitações e problemas enfrentados pelo sistema. O projeto permitiu que os viventes tivessem a possibilidade de inserção interdisciplinar e multiprofissional que é indissociável às práticas de saúde pública. São inúmeras as contribuições da Medicina Veterinária para a saúde humana, e incluem o controle e vigilância em saúde, especialmente das zoonoses, a inspeção de alimentos, a vigilância sanitária e o controle de pragas e vetores. Sua formação básica nas ciências biomédicas qualifica o profissional para desempenhar muitas funções adicionais na saúde pública, que incluem: epidemiologia, habilidades e competências nos laboratórios de saúde pública e saneamento ambiental. Um ponto a ser considerado deve ser o fortalecimento e estímulo ao ensino de saúde pública na graduação em Medicina Veterinária, não apenas melhorando os canais de comunicação interprofissional, mas assegurando uma boa formação para profissionais interessados na área. Os atuais modelos biomédicos, subordinados aos interesses econômicos que beneficiam o privado em detrimento do público, colocam em queda a qualidade da formação. O VER-SUS permite uma visão diferenciada desses modelos, objetivando a formação de trabalhadores eticamente comprometidos com o SUS, suas diretrizes e seus princípios, e que se entendam como agentes capazes de promover e transformar a sociedade que os cerca. Dessa forma, a conclusão obtida foi da necessidade da revisão de as práticas que visem à formação do médico-veterinário capacitado não apenas para atender às demandas de mercado, mas também para atender às demandas sociais. Sugere-se que atividades de extensão tornem-se obrigatórias nos currículos dos cursos de graduação, tendo em vista que projetos como o VER-SUS contribuem de maneira focal para a formação técnico-política dos graduandos.