Caso de pielonefrite em canino de pequeno porte

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A. Mello
J. P. Souza
L. C. Francez

Resumo

Os rins desempenham um conjunto de funções que garantem a homeostase do organismo. A doença renal crônica (DRC) é usualmente observada em cães e gatos, e independentemente da sua etiologia, é caracterizada por lesões estruturais irreversíveis que podem evoluir progressivamente para uremia, insuficiência e falência renal. Uma das principais causas de DRC em pequenos animais é a pielonefrite. A pielonefrite é uma inflamação supurativa do rim causada por infecção bacteriana e, às vezes, viral (por exemplo, poliomavírus), que pode atingir o rim por disseminação teratogênica ou, mais comumente, através dos ureteres em associação com refluxo vesicoureteral. As bactérias que colonizam a pelve renal podem facilmente infectar a medula renal, que é altamente suscetível devido ao suprimento sanguíneo escasso e à alta osmolaridade intersticial que inibe a função neutrofílica, e a infecção poderá estender- se da pelve até a cápsula. Os principais microrganismos que causam pielonefrite nos cães e gatos incluem Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Streptococcus spp., Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa e Enterobacter spp. Os sintomas da DRC são variados. Cães são mais acometidos que gatos, e a maior frequência é registrada em animais de idade avançada e em fêmeas. O diagnóstico pode ser baseado em exames físicos, laboratoriais, radiográfico e ultrassonográfico. Paciente da espécie canina, da raça Poodle, fêmea, com quatro anos de idade, pesando 3kg, foi encaminhada ao atendimento clínico apresentando oligúria, inapetência e vômitos. Ao exame físico foram observadas mucosas normocoradas, hidratação normal, temperatura retal a 38,4oC, frequência cardíaca de 113bpm e frequência respiratória de 150rpm. Na palpação abdominal observou-se abdome distendido. Fez-se exame de hemograma, apresentando leucocitose, além de exames de ureia, com resultado de 95,0mg/dL (superior ao parâmetro para a espécie, que é de 15 a 65mg/ dL), e creatinina, com resultado de 2,9mg/dL (superior ao parâmetro para a espécie, entre 0,5 e 1,5mg/dL). Ao exame de ultrassonografia abdominal, constatou-se rim esquerdo com estrutura ecogênica preservada com leve perda da manutenção da definição cortiço-medular e presença de dilatação variada em pelve renal, sugestiva de hidronefrose ou pielonefrite; rim direito apresentando topografia e tamanho anatômicos e estrutura ecogênica preservadas com manutenção da definição cortiço-medular; bexiga com repleção moderada, sem evidência de cálculos. O tratamento instituído consistiu em: Lasix, ¼ de comprimido duas vezes ao dia durante 10 dias; Pró-rim spray, dois borrifos duas vezes ao dia (uso contínuo); Enrofloxacino® 15mg, um comprimido uma vez ao dia durante 10 dias; Ketojet® 5mg, ½ comprimido uma vez ao dia durante cinco dias; e dieta a base de ração renal. Após o término das medicações e da ração renal, foram realizados novos exames de hemograma, ureia e creatinina, que apresentaram parâmetros celulares sanguíneos normais. O exame de ultrassonografia abdominal não revelou alterações no rim esquerdo. O diagnóstico presuntivo foi de pielonefrite unilateral, pelo fato de o animal apresentar sintomas clínicos característicos dessa patologia e pela resposta positiva ao tratamento aplicado. Radiografias abdominais, urografia excretora, cistografia ou, ainda, ultrassonografia abdominal podem ser utilizadas como métodos complementares ao diagnóstico. No caso relatado, não foi realizada urinálise, cultura e antibiograma da urina. O diagnóstico se apoiou em ultrassonografia abdominal, hemograma e dosagens de ureia e creatinina. O tratamento com o antibiótico a base de Enrofloxacino obteve resultados satisfatórios, pois após cinco dias o animal não apresentava sinais clínicos. Esse antibiótico é excelente opção terapêutica, porém o seu uso em gatos em altas doses pode desencadear cegueira por degeneração retiniana. A maior sobrevida de doentes renais depende do diagnóstico precoce e tratamento adequado. A mudança na dieta, ou seja, mudança para ração específica renal, é a base do tratamento. Muito se tem estudado a esse respeito e alterações na formulação das dietas terapêuticas têm sido adotadas em resposta a tais pesquisas. A restrição de fósforo e sódio, a diminuição da quantidade de proteína e a adição de vitaminas do complexo B e ácidos graxos são algumas das características dessas dietas. Isso contribuiu consideravelmente para a resposta do canino ao tratamento. Com base na anamnese, sinais clínicos e resposta positiva imediata ao tratamento aplicado, chegou-se ao diagnóstico clínico de pielonefrite. 

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Como Citar
MELLO, A.; SOUZA, J. P.; FRANCEZ, L. C. Caso de pielonefrite em canino de pequeno porte. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 15, n. 2, p. 80-80, 11 dez. 2017.
Seção
VII CONGRESSO PAULISTA DAS ESPECIALIDADES