T. L. M. Arcebispo
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Belo Horizonte, MG
T. M. Oliveira
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Belo Horizonte, MG
J. H. Begalli
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Belo Horizonte, MG
L. P. Mol
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Belo Horizonte, MG
M. X. Silva
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Belo Horizonte, MG
Resumo
Os acidentes ofídicos têm grande relevância nos países tropicais pelo alto número de vítimas e pela gravidade dos casos. No Brasil, há registro de ocorrências em torno de 20 mil casos por ano. Comumente esse tipo de agravo é relacionado às atividades ocupacionais rurais, no entanto Belo Horizonte, uma área extremamente urbanizada, apresenta um número significativo de acidentes por serpentes, o que justifica a investigação epidemiológica dos respectivos fatores de risco. Dessa forma, este trabalho analisou os registros de ocorrências de acidentes ofídicos verificados na capital do estado de Minas Gerais no período compreendido entre os anos de 2007 a 2015 e levantou as variáveis possivelmente associadas a esse agravamento. A investigação consistiu na interpretação dos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) com a elaboração de gráficos e tabelas utilizando o software Epi Info™. No referido período, ocorreram 139 acidentes ofídicos em Belo Horizonte com uma média de 15,4 casos por ano. Dentre estes acidentes, 23 (17%) foram causados por serpentes peçonhentas dos gêneros Bothrops, Crotalus e Micrurus, e 18 (13%) foram classificados como moderados ou graves resultando em óbito. A média de casos por mês no período de outubro a abril foi 150% maior que no restante do ano e sua distribuição ao longo dos anos apresentou uma evidente ciclicidade de quatro anos. Do ponto de vista ecológico, tais eventos indicam que Belo Horizonte mantém áreas verdes que permitem a sobrevivência de ofídios, com destaque para as espécies peçonhentas que ocupam um nível trófico superior. Tal fato é um forte indicador de saúde do ecossistema, porém essa prevalência de acidentes cíclica e inalterada ao longo de nove anos aponta para a necessidade da implementação de uma política de prevenção voltada à orientação da população que acessa as áreas de frequente ocorrência de acidentes ofídicos.