R. C. Santos
Universidade Federal do Vale do São Francisco, Petrolina, PE
A. I. Batista
Universidade Federal do Vale do São Francisco, Petrolina, PE
R. D. F. Coelho
Universidade Federal do Vale do São Francisco, Petrolina, PE
K. Pillissani
Universidade Federal do Vale do São Francisco, Petrolina, PE
J. A. Nascimento Júnior
Universidade Federal do Vale do São Francisco, Petrolina, PE
Resumo
A Saúde Única (One health) é uma estratégia multiprofissional e transdisciplinar que busca dimensionar os problemas e agravos à saúde sobre a perspectiva da união indissociável entre a saúde humana, animal e ambiental. Contudo, as execuções de atividades relacionadas a esse tema permanecem ainda muito limitadas à esfera acadêmica e teórica. O projeto “Ações para formação continuada em Saúde Única no Vale do São Francisco”, executado por alunos do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), buscou trabalhar esse conceito com os agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de controle de endemias (ACE), por entender que seria importante o conteúdo para a rotina desses servidores e por sua capacidade multiplicadora junto com a comunidade. O projeto discutiu o conceito de Saúde Única com os agentes para que eles adquirissem um novo olhar quanto aos fatores de risco ambientais e à saúde. Foram selecionadas quatro Unidades Básicas de Saúde (UBS), nas quais os ACE e ACS eram lotados, sendo duas em Juazeiro/BA e duas Petrolina/ PE, das quais uma era localizada em zona rural e a outra, em zona urbana. Foram utilizados como critério de seleção das UBS: a realidade epidemiológica enfrentada pelas equipes de saúde no território; a realização de poucas ou nenhuma capacitação dos servidores no ano anterior ao projeto; e não ter sido alvo de projetos de extensão da Univasf. A realidade epidemiológica, refere-se à prevalência e/ou incidência de enfermidades infectocontagiosas e parasitárias, assim como de arboviroses e doenças transmitidas por alimentos (DTA). Sendo assim, foram selecionadas em Juazeiro/BA as UBS de Maniçoba e de Itaberaba, e em Petrolina/PE, as UBS de Bebedouro e de São Gonçalo. Em cada UBS foi estabelecido um cronograma de atividades que contou com cinco encontros. O primeiro foi para descrição dos objetivos do projeto, realização de uma pesquisa com os ACE e ACS sobre a realidade vivenciada por eles em seu trabalho e aplicação de um questionário com cinco questões sobre Saúde Única, das quais quatro foram retiradas do último concurso para ACS de Minas Gerais, como método avaliativo do projeto. Em seguida, foi realizada a discussão sobre conceito de Saúde Única e sua aplicação prática. No segundo encontro foi trabalhada a saúde ambiental; no terceiro, as doenças vetoriais; no quarto, os animais sinantrópicos e os riscos envolvidos. No último encontro foi feito o encerramento das atividades, com a reaplicação do mesmo questionário e uma avaliação pedagógica sobre a execução do projeto. As ações foram realizadas efetivamente com 36 servidores, que frequentaram mais de 50% das atividades. O questionário proposto mostrou que a média geral dos agentes ficou em 4,47 de nove acertos. Contudo, na avaliação pedagógica, que contou com oito questões referentes a forma de execução e organização dos trabalhos desenvolvidos, a média obtida foi 4,28, numa graduação de zero a cinco, somente na questão: “qual sua avaliação final sobre o projeto?”. O questionário foi realizado de modo secreto e sem identificação do agente. A maioria dos agentes apresentam muitos anos de serviço, receberam poucas capacitações e apresentam baixa escolaridade, o que tem interferido na interpretação do texto das avaliações. A conclusão obtida foi que os servidores necessitam de capacitações sequenciadas sobre temas relacionados à Saúde Única, mas também sobre conhecimentos técnicos próprios à sua atividade.