C. Constantino
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
E. C. Silva
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
D. M. Santos
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
A. P. C. M. Poleto
Prefeitura Municipal de Curitiba, Secretaria Municipal de Saúde, Unidade de Vigilância de Zoonoses, Curitiba, PR
V. M. Morikawa
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
Resumo
A interação entre seres humanos e cães traz inúmeros benefícios, contudo pode apresentar inconvenientes como as mordeduras. A principal preocupação é o cão como potencial transmissor da raiva ao ser humano, além de gastos com tratamento pós-exposição ao vírus rábico, tratamento da ferida e dos traumas psicológicos que também devem ser considerados. Em 2015, foram notificados 9.129 acidentes por animais potencialmente transmissores da raiva (AAPTR) em Curitiba, sendo o agravo de notificação compulsória de maior frequência no município. Este trabalho identificou o Distrito Sanitário (DS) com maior incidência deste agravo e investigou o perfil epidemiológico dos acidentes por mordeduras atendidos em Unidades Básicas de Saúde (UBS) em Curitiba/PR. Foi realizado o estudo retrospectivo das notificações de AAPTR registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) atendidos em UBS no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2015. O armazenamento e a análise dos dados foram realizados com o emprego do software Microsoft Excel 2010. Das 21.846 notificações deste agravo registradas nas UBS no período analisado, 18.629 (85,3%) foram devido a mordeduras de cães. O DS Boa Vista foi o que apresentou a maior frequência de notificações (3.390; 18,2%), entretanto, o que apresentou maior incidência foi o DS Tatuquara (1.740; 9,3%), com o valor de 2,12. Dos 18.629 casos notificados, 9.424 (50,6%) eram de vítimas do sexo masculino, 15.213 (81,7%) de cor branca, 9.781 (39,43%) com idade entre 19 e 59 anos, e 5.050 (27,1%) possuíam ensino fundamental incompleto. Em 8.220 (40,9%) casos, os ferimentos localizavam-se em membros inferiores, em sua maioria eram múltiplos (9.417; 49,8%) e profundos (10.665; 55,3%). O cão agressor estava sadio no momento do acidente em 14.826 (78,4%), em 14.321 (75,8%) ele foi passível de observação, e 13.412 (70,9%) animais foram clinicamente negativos para raiva. A análise dos casos de mordeduras de cães com base nas notificações AAPTR das UBS permite inferir sobre alguns locais de maior ocorrência, visto que estas unidades atendem a população descrita. A partir da análise deste agravo, podem ser direcionadas ações de educação em saúde, entretanto, algumas ações de prevenção de acidentes por cães ficam prejudicadas, pois não se conhece o perfil dos animais agressores. A contínua vigilância das mordeduras pode contribuir para o direcionamento das ações de educação em saúde para os grupos mais atingidos e para as regiões com maior demanda, assim como os programas de guarda responsável devem atuar também com foco na prevenção deste agravo. O DS com maior incidência foi o Tatuquara, as vítimas eram predominantemente do sexo masculino, raça branca, com idade situada entre 19 e 59 anos, com ensino fundamental incompleto e com ferimentos múltiplo e profundos, localizados em membros inferiores.