S. M. Barrero
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
M. C. S. Ribeiro
Prefeitura de Pinhais, Secretaria Municipal de Assistência Social, Pinhais, PR
G. Filius
Prefeitura de Pinhais, Secretaria Municipal de Assistência Social, Pinhais, PR
S. A. Marconcin
Prefeitura de Pinhais, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Pinhais, PR
J. Hammerschmidt
Prefeitura de Pinhais, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Pinhais, PR
L. O. Leite
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
R. C. M. Garcia
Universidade Federal do Paraná, Departamento de Medicina Veterinária, Curitiba, PR
Resumo
Os problemas socioeconômicos que limitam a qualidade de vida das pessoas e dos animais são multidimensionais e necessitam de uma abordagem intersetorial para a sua resolução. Atualmente, o médico-veterinário participa de programas de saúde e da proteção animal, o que lhe permite interagir com as famílias e identificar fatores que afetam o bem-estar das pessoas. Entretanto, a atuação desse profissional ainda é limitada em diversas ações intersetoriais, em decorrência do desconhecimento de sua contribuição efetiva em casos de vulnerabilidade sociofamiliar. Nesse sentido, este trabalho identificou os desafios a serem superados e as oportunidades existentes para a realização de uma ação intersetorial em casos de famílias em situação de vulnerabilidade social e maus-tratos aos animais. Foi utilizada a metodologia qualitativa, tendo como instrumento de coleta de dados a pesquisa participativa na implementação de um trabalho intersetorial entre a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) do município de Pinhais, estado do Paraná, Brasil. Essa parceria resultou na criação de um fluxo de encaminhamento de casos de famílias multiespécie em situação de vulnerabilidade entre os setores. Posteriormente, as instituições realizaram uma avaliação das atividades desenvolvidas. A técnica de análise das notas de campo e das avaliações foi a de conteúdo. Os principais desafios encontrados, por ambas as instituições, foram a falta demanda de trabalho que não permitiu uma pronta atenção dos casos encaminhados, a falta de recursos e de capacitação contínua para uma melhor atuação. Além disso, houve dificuldade por parte dos assistentes sociais quanto à inclusão dos animais no contexto da vulnerabilidade social e da promoção da saúde, assim como do médico-veterinário como profissional responsável pelo bem-estar da família. Isso revela que esse profissional ainda é visto principalmente como clínico responsável pelo bem-estar dos animais. Os médicos-veterinários relataram que há uma falta de preparação para abordar a vulnerabilidade social, porém acreditam que têm a oportunidade de identificar famílias vulneráveis durante as vistorias de maus-tratos aos animais. Quanto às oportunidades dessa interação foi constatado que a disponibilidade dos gestores, a sensibilização dos funcionários, a utilização das atividades comumente realizadas pelos setores para o desenvolvimento das ações e a construção de uma rede de comunicação foram passos fundamentais para que essa parceria fosse viável. Deste modo, a conclusão obtida é que mesmo diante dos desafios com a adequada formação, capacitação contínua e o interesse dos profissionais envolvidos em questões sociais com famílias multiespécies será possível auxiliar pessoas vulneráveis e seus animais que sofrem de maus-tratos.