M. C. H. Cavalcanti
Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos, Rio de Janeiro, RJ
C. E. S. Vaz
Sociedade União Internacional Protetora dos Animais, Laboratório de Patologia Clínica, Rio de Janeiro, RJ
R. B. Andrade
Sociedade União Internacional Protetora dos Animais, Laboratório de Patologia Clínica, Rio de Janeiro, RJ
J. R. Cruz
Sociedade União Internacional Protetora dos Animais, Laboratório de Patologia Clínica, Rio de Janeiro, RJ
R. L. Rocha
Sociedade União Internacional Protetora dos Animais, Rio de Janeiro, RJ
Resumo
A medicina laboratorial, um meio de análise física, química, citológica ou microbiológica de fluidos biológicos, tanto na medicina humana quanto na Medicina Veterinária, representa um meio auxiliar para o estabelecimento do diagnóstico, bem como do acompanhamento clínico e do prognóstico. A fase pré-analítica, como coleta e encaminhamento de espécimes biológicos, é determinante para a precisão dos resultados obtidos na fase analítica e sua avaliação na fase pós-analítica. Desse modo, a conjunção entre laboratório e atendimento clínico de animais abrigados visa à otimização da comunicação, execução dos exames e avaliação do prognóstico de forma mais integrada, contemplando essas fases. Este trabalho descreve a demanda e a importância da Medicina Veterinária laboratorial exercida em casos clínicos oriundos de abrigo de cães e gatos domésticos na Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa), uma associação civil particular de utilidade pública na região metropolitana do Rio de Janeiro que apresenta um laboratório de patologia clínica próprio conjugado ao ambulatório. Para tanto, foi realizado um estudo observacional retrospectivo e descritivo dos registros do banco de dados do Laboratório da Suipa referente ao período compreendido entre os meses de janeiro a dezembro de 2013. As variáveis de interesse foram os tipos e frequências de exames laboratoriais realizados oriundos de animais abrigados e as principais indicações clínicas envolvidas para a solicitação dos exames. Todos os dados foram armazenados e suas frequências descritas em programa Excel 2010®. No período de um ano, foram atendidos um total de 2.456 casos com envio de amostras biológicas para exames laboratoriais oriundos de cães (n=2.330) e de gatos (n=126) cuja população total do período era estimada em cerca de 4.000 animais abrigados provenientes de abandono e de resgates em uma área construída de cerca de 5.400 metros quadrados. O exame laboratorial mais solicitado foi hemograma completo (n=2.271), com média mensal de 189 solicitações, seguidamente por bioquímica sérica (n=1.982; n= 165) principalmente para avaliação de funções renal e hepática. Ademais, também foram realizados testes imunocromatográficos para retroviroses felinas imunossupressoras (n=49) e antígeno de cinomose (n=26), citologia dermatológica (n=22), exame coproparasitológico por flutuação (n=14), análise de efusões (n=4), urinálise (n=2) e raspado cutâneo (n=1). As principais finalidades dos exames solicitados foram para diagnóstico e auxílio terapêutico, sendo indicações clínicas comuns a avaliação pré-cirúrgica, candidatura à adoção, acompanhamento clínico e suspeitas clínicas de ordem infecciosa ou neoplásica. O referido setor permanece operante com elevada demanda e com banco de dados a ser atualizado. A conclusão obtida foi que a disponibilidade de um laboratório clínico anexo ao atendimento de animais abrigados mostrou-se eficiente na comunicação entre clínicos e patologistas quanto às fases da análise laboratorial para atender à grande demanda local e auxiliar o diagnóstico, acompanhamento e prognóstico dos animais abrigados, contribuindo para a medicina preventiva e curativa.