Cardiomiopatia restritiva em cão: Relato de caso
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Resumo
Cardiomiopatia restritiva é uma disfunção ventricular diastólica caracterizada por restrição ao preenchimento ventricular e redução do volume diastólico dos ventrículos, com significativa dilatação atrial e geralmente com índices de função sistólica e espessura de parede ventricular inalterados. Tal redução na complacência ventricular diastólica ocorre devido à fibrose miocárdica ou subendocárdica, ou por doenças infiltrativas. Essa forma de cardiomiopatia é particularmente diagnosticada em felinos, causando sinais de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) esquerda ou tromboembolismo. Foi atendida, no Serviço de Cardiologia do Hospital Veterinário da Universidade Paulista, uma cadela da raça fox paulistinha, com três anos de idade, cujo proprietário relatava aumento de volume abdominal, negando demais manifestações clínicas. Ao exame físico, auscultou-se ritmo cardíaco regular com sopro sistólico grau III/VI em focos mitral e tricúspide e denotou-se ascite com conteúdo serossanguíneo. No hemograma verificou-se leucocitose por neutrofilia, e as funções renal e hepática estavam inalteradas. No eletrocardiograma observou-se taquicardia sinusal com características de aumento biatrial. Cardiomegalia foi observada ao exame radiográfico de tórax, não havendo alterações pulmonares. No ecodopplercardiograma, constatou-se importante aumento biatrial e insuficiência valvar mitral e tricúspide, disfunção diastólica biventricular com padrão restritivo e disfunção sistólica de ventrículo direito, com dimensões preservadas das câmaras ventriculares. Ministrou-se terapia com furosemida, espironolactona, benazepril e diltiazem, ocorrendo óbito após oito meses. Durante esse período, o animal apresentou diversos episódios de ascite e, ao final, cursou com efusão pleural e sinais de baixo débito cardíaco. A apresentação inusitada de cardiomiopatia restritiva em um animal da espécie canina com predominância de sinais clínicos de ICC direita justifica o presente relato.
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