Colapso de colônias de abelhas africanizadas Apis mellifera l. (Hymenoptera, Apidae) no Brasil
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Resumo
As abelhas Apis mellifera L. são responsáveis pela movimentação de 15 bilhões de dólares relacionados à produção agrícola, devido à ação polinizadora de cerca de 1,6 milhões de colmeias nos EUA. No Brasil, essa prática ainda é incipiente, no entanto na cultura da maçã no sul do Brasil são empregadas cerca de 60.000 colmeias para executar a polinização. Nas duas últimas décadas, um forte declínio desses polinizadores tem estimulado cientistas de todo mundo a buscarem os agentes causadores dessas perdas, porém, até o momento, os resultados não são conclusivos. Neste trabalho, foi apresentado um relato de perdas de colônias de abelhas que vem sendo observado no sudeste e sul do Brasil. O primeiro relato de colapso de colmeias, similar à CCD (Colony Collapse Disorder), descrito nos Estados Unidos desde o outono de 2006, foi observado pela primeira vez em duas colmeias na região de Altinópolis, SP, ocorrido entre duas revisões feitas em agosto de 2008 (com intervalo de 14 dias), deixando muito alimento (mel/pólen), poucas crias e abelhas adultas, presença da rainha, ausência de abelhas adultas mortas e de crias doentes. Em abril de 2010, observou-se entre duas coletas de abelhas forrageiras (com intervalo de três dias) em um apiário experimental com 20 colmeias no campus da USP de Ribeirão Preto, SP, a perda de duas colônias com sinais clínicos similares aos da CCD. Entre abril e julho, foram perdidas mais 13 colmeias, no entanto com alta incidência de “crias anômalas ou crias marrons” e morte de abelhas adultas, totalizando 70% de perdas. Entre janeiro e junho de 2011, observou-se o colapso de quatro das cinco colmeias restantes, dessa vez com níveis de infecção de Nosema ceranae até então não detectados, chegando a 40 milhões de esporos/abelha. Ao longo dos últimos anos, têm sido reportadas, por apicultores e por fiscais federais/estaduais, altas perdas de colônias nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Até o momento, análises feitas por PCR em abelhas forrageiras, coletadas de colmeias nas regiões afetadas, têm mostrado a presença dos vírus: IAPV, APV, DWV e BQCV, dos microsporídios N. ceranae e N. apis, e do ácaro Varroa destructor. Embora resultados conclusivos não estejam disponíveis, nos casos de perdas similares à CCD, nossa hipótese é de abandono anormal da colônia em vez de desaparecimento das abelhas, causado por colapso comportamental que poderia ser resultante de sinergismo envolvendo os patógenos detectados, condições climáticas e possíveis resíduos em doses subletais de inseticidas, que são amplamente utilizados de forma legal e ilegal nas regiões com perdas de abelhas no Brasil.
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