Perfil da sanidade apícola em duas regiões do estado de São Paulo, Brasil: apicultura fixa e migratória
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Resumo
A apicultura brasileira vem se desenvolvendo ao longo dos anos devido à adoção de práticas de manejo adequadas às abelhas Apis mellifera africanizadas, incluindo métodos como a apicultura migratória, que proporcionam o aumento de produtividade. Contudo, recentemente, o declínio e/ou colapso de populações de abelhas em todo mundo, inclusive em território nacional, exigiu grande atenção devido aos possíveis prejuízos ocasionados não apenas em relação à obtenção de produtos apícolas, mas, principalmente, em relação à polinização de várias culturas de expressão na produção de alimentos, além da manutenção de biodiversidade. Essas perdas podem estar relacionadas com a incidência e sinergismo entre patógenos, pesticidas e mudanças climáticas, dentre outros fatores. Nesse contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a incidência e níveis de infecção/infestação de três patógenos de importância na apicultura mundial, em apiários fixos e migratórios, em duas regiões do Estado de São Paulo (Vale do Paraíba e Centro-Leste). Foram obtidas amostras de apiários fixos de quatorze municípios da região do Vale do Paraíba e amostras de apiários fixos e migratórios de cinco municípios da região Centro- Leste do Estado. Amostras de favo de mel foram utilizadas para verificar a presença da bactéria Paenibacillus larvae, favo contendo crias operculadas e abelhas adultas presentes na área de cria para avaliar as taxas de infestação do ácaro Varroa destructor e abelhas campeiras para obter as taxas de infecção do microsporídio Nosema sp., totalizando mais de 1.700 amostras analisadas. Os resultados indicaram que os índices de infecção de Nosema sp., bem como de infestação de V. destructor nas regiões estudadas são relativamente baixos, não tendo sido constatada a presença de esporos de P. larvae. Contudo, para os dois patógenos encontrados, pôde-se constatar elevada prevalência (chegando a 85,2% de colmeias infectadas pelo primeiro e 95,71% infestadas pelo segundo, apenas no Vale do Paraíba). Nosema apis não foi detectado. A avaliação do efeito sazonal para os resultados obtidos indicou que tal fator é determinante na condição sanitária das colônias, sobrepondo as condições do tipo de manejo adotado (fixo ou migratório). A importação de produtos apícolas (geleia real, pólen, mel e cera, além de abelhas rainhas) e o deslocamento de colônias podem estar sendo uma forma de rápida dispersão, contribuindo para introdução de novos patógenos. O monitoramento sanitário de colônias e de produtos apícolas, bem como o melhoramento genético visando à resistência, pode atuar como medidas preventivas evitando, inclusive, o uso de drogas que venham a causar resistência, a exemplo do que ocorre em outros países, além de interferir negativamente no mercado de tais produtos, em virtude de resíduos químicos remanescentes.
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