Qual o risco de se contaminar por mercúrio ao consumir o mexilhão Perna Perna l. e o coquile Nodpecten nodosus l. cultivados no litoral do Estado do Rio de Janeiro?
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Resumo
Uma das vias de exposição humana ao Hg é o consumo de pescado dos ecossistemas marinhos. Uma vez que o alimento apresenta concentrações de Hg acima do limite determinado pela World Health Organization (0,5 ppm), pode representar um risco à saúde pública se a ingestão diária desse alimento for superior a 60 g/dia. Por outro lado, para se monitorar a dinâmica do Hg nos ecossistemas marinhos, a classe Bivalvia tem se apresentado com bons biomonitores, que são utilizados como organismos sentinelas. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o risco de exposição humana ao Hg total (HgT) pelo consumo de mexilhão Perna perna e coquile Nodipecten nodosus cultivados no litoral do Estado do Rio de Janeiro. Área de estudo: Baía de Guanabara (BG - Praia de Jurujuba), Baía de Sepetiba (BS – Praia Grande na Ilha de Itacuruça), Baía de Ilha Grande (BIG - Enseada da Biscaia em Monsuaba) e Arraial do Cabo (AC – Praia do Forno). Os mexilhões foram coletados nos quatro locais estudados e os coquiles na BIG e AC, ambos em março de 2009 e setembro de 2009. O HgT foi extraído do tecido dos bivalves seguindo-se a metodologia sugerida por Kehrig em 2001, e as concentrações determinadas por espectrometria de absorção atômica com geração de vapor frio (FIMS-400). Junto ao procedimento de extração e determinação da concentração das amostras, foi utilizado material certificado de referência (NIST2976). Foram observadas diferenças nas concentrações de HgT entre os quatro locais estudados. Nos mexilhões, as maiores concentrações ocorreram na BIG, seguido de BG, AC e BS. Nos coquiles, a BIG apresentou maiores concentrações que AC. Kehrig analisou mexilhões da BG em 1996, 1998 e 2000 e observou um decréscimo das concentrações no decorrer dos anos. Neste estudo, os mexilhões da BG têm concentrações inferiores às observadas por Kehrig, corroborando com a hipótese de tendência de decréscimo. O limite de ingestão semanal para metilmercúrio por kg de peso corpóreo em populações críticas, como mulheres em idade reprodutiva e crianças, é de 1,6 μg. Assumindo as maiores concentrações encontradas para mexilhão expressas em peso úmido de 21,4 μg/kg e de 16,7 μg/kg para coquile, e considerando que 60% do mercúrio total bioacumulado no tecido do mexilhão está na forma de metilmercúrio, uma pessoa de 50 kg que ingerisse 39 mexilhões, ou então 37 coquiles por dia, atingiria apenas 1/6 do limite semanal admissível, admitindo apenas essa fonte de incorporação de hg. A conclusão foi que os mexilhões e coquiles dos quatro locais estudados estavam com concentrações de Hg seguras para consumo humano.
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