Investigação de caso de raiva em felino, município de São Paulo, 2011
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Abstract
Em 1969, no Município de São Paulo ocorreram 989 casos de raiva animal e cinco casos de raiva humana. Entre 1969 e 1973 (fundação do Centro do Controle de Zoonoses- CCZ/SP), o número de casos de raiva humana aumentou 2,2 vezes, o número de animais vacinados cresceu cinco vezes e observou-se um decréscimo dos casos de raiva animal, chegando a 56% do total ocorrido em 1969. A partir de 1981 não ocorreram mais casos humanos e entre 1983 e 2010 não foram registrados casos autóctones em cães e gatos. O perfil epidemiológico da raiva vem mudando em todo o Brasil, com restrição da área de circulação da cepa canina do vírus. Nas regiões em que a raiva foi controlada nos animais domésticos, os casos de raiva em humanos diminuíram e os animais silvestres passaram a representar um novo desafio. Em São Paulo a variante canina não tem sido mais detectada. Atualmente as variantes circulantes são relacionadas a quirópteros, ocorrendo anualmente, em média, dois a quatro casos em morcegos não hematófagos. Em 01/12/2011 o CCZ/SP foi comunicado de diagnóstico positivo para raiva de um felino, com histórico de contato com quiróptero e morte sem sintomatologia. O animal foi a óbito no dia 3/10/2011 e encaminhado no dia 04/10/2011 para a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia/USP com suspeita de envenenamento. A liberação do resultado positivo ocorreu em 01/12/2011. O felino, uma fêmea, castrada, dez anos, tinha livre acesso à rua e histórico de vacinação anterior a 2010. No imóvel situado em área estritamente residencial no Distrito de Moema, vivem cinco cães e 23 felinos. A região é bastante arborizada, com árvores que podem oferecer abrigo e alimento para diferentes espécies de morcegos, nas proximidades de um parque arborizado, Parque do Ibirapuera (à 750m de distância). Frente à confirmação da variante Desmodus rotundus/Artibeus lituratus desenvolveram-se ações de bloqueio em área de 500m de raio, a partir do foco. Foram realizadas visitas domiciliares, levantamento de abrigos, avaliação e orientação para encaminhamento médico de moradores e freqüentadores da casa que tiveram contato com o animal doente, vacinação contra raiva e identificação de todos os animais da moradia, com observação por 180 dias a partir do óbito do animal positivo. Todos os imóveis da área de abrangência foram visitados, totalizando 1.277 imóveis trabalhados, 769 fechados e 140 recusas. Houve distribuição de material educativo, e foram vacinados contra raiva 102 cães e 16 gatos, com histórico de mais de seis meses de vacinação, no raio de cobertura de foco. Os animais contactantes foram acompanhados pelo CCZ, no período de observação, mantendo-se saudáveis. Recomenda-se o implemento de ações de vigilância: – laboratorial; – das agressões; – de rumores e casos suspeitos de animais com morte súbita ou histórico de contato com quirópteros ou outros animais silvestres e a revisão de estratégias do controle da raiva devido à mudança da situação epidemiológica da doença no município.
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