Identificação de STEC (Escherichia coli produtora de toxina shiga) em psitacídeos criados como pets: potencial zoonótico e risco para saúde pública
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Abstract
Introdução: Dentre os psitacídeos criados como pets, destacam-se as calopsitas (Nymphicus hollandicus) e periquitos-australianos (Melopsittacus undulatus), por serem dóceis, companheiros e possuírem plumagem colorida exuberante. Embora os benefícios decorrentes da presença dessas aves em ambiente doméstico seja reconhecido, pouco se conhece sobre os riscos de transmissão de zoonoses. A emergência e reemergência de zoonoses obrigamnos a reavaliar conceitos e expectativas. Escherichia coli é uma bactéria Gram-negativa, anaeróbia facultativa pertencente à família Enterobacteriaceae, sendo o micro-organismo mais estudado em todo o mundo. É isolado em diversos sítios do corpo humano e animal, causando diarreias, infecçõ es urinárias, pulmonares, neurológicas, entre outras. Alguns sorotipos de E. coli são considerados diarreiogênicos e as técnicas moleculares são úteis na identificaçã o dos componentes genéticos de virulência.
Objetivo: O objetivo deste trabalho foi pesquisar a presença de STEC (E. coli diarreiogênica produtora de toxina Shiga) em fezes de calopsitas e periquitos-australianos. Material e métodos: 126 amostras de fezes de aves domiciliadas na cidade de São Paulo foram colhidas com o auxílio de suabes estéreis, sendo 67 de calopsitas e 59 de periquitos-australianos. O material foi transportado para o laboratório sob refrigeração, submetido à cultura bacteriológica, seguida da identificação pela morfologia e série bioquímica. Após a extração de DNA, foi realizada a pesquisa dos genes eae, stx1 e stx2 pela Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). Foram identificadas 83 colônias de Escherichia coli. Destas, 8/83 (9,6%) foram classificadas como STEC, positivas para o gene eae e stx2, sendo três isoladas de calopsitas (3/48) e cinco de periquitos (5/35). Resultado: Os resultados revelaram uma frequência de ocorrência de 6,3% de STEC em aves pets, com percentual de 4,47% em calopsitas e 8,47% em periquitos. Amostras que apresentam o perfil genotípico stx2 + eae são comumente associadas a quadros severos de infecção humana, como colite hemorrágica e síndrome hemolítica urêmica. A despeito dos bovinos serem o reservatório natural de linhagens que produzem a toxina stx2, esta já foi descrita em aves comerciais. STEC representa risco potencial para a saúde humana. Devido à crescente procura de psitacídeos como animais de estimação, principalmente por crianças e adolescentes, são necessários novos estudos sobre os riscos zoonóticos relacionados às aves de estimação.
Conclusão: A técnica de PCR foi um instrumento importante para a detecção dos genes eae e stx2, demonstrando que os psitacídeos são potenciais fontes de infecção de STEC.
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