Achados histopatológicos preliminares sugestivos de miopatia por captura em tecidos selecionados de cetáceos encalhados no nordeste brasileiro
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Abstract
Introdução e Objetivos: os encalhes de cetáceos são eventos importantes, frequentes, e podem estar associados a diversas causas, como agentes infecciosos, incluindo vírus, bactérias, protozoários e parasitas, além de causas congênitas e traumáticas. De maneira geral, a maioria das espécies de cetáceos é afetada pelo estresse durante a sua manipulação, situação que pode se agravar durante um encalhe quando grande parte dos espécimes morre após poucos dias ou horas. É sabido que o estresse é um estimulo adaptativo frente a mudanças ambientais, determinando adaptações metabólicas positivas para a proteção orgânica contra agressões externas. Em situações em que o estresse é prolongado ou muito intenso, a grande liberação de catecolaminas e/ou hipóxia subjacente pode resultar em danos nocivos aos tecidos, em especial músculos cardíaco e estriado. Essa situação pode levar a um processo patológico similar, a miopatia de captura (MC), síndrome de caráter metabólico muscular que acomete principalmente animais selvagens, evento mais descrita em aves e cervídeos. Esse processo encontra-se associado a altos níveis de estresse pós-captura, ou durante manejo e transporte. O presente trabalho avaliou as lesões compatíveis com MC em amostras de cetáceos depositados no Banco de Tecidos de Mamíferos Marinhos do Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens, Departamento de Patologia, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia; Universidade de São Paulo, Brasil (BTMM/LAPCOM/VPT/FMVZ/USP).
Material e Métodos: Foram analisados sob microscopia de luz os tecidos cardíaco, musculoesquelético e renal de seis cetáceos (quatro Kogia sima e dois Peponocephala electra), que encalharam vivos no nordeste brasileiro, provenientes da instituição AQUASIS (Caucaia, CE, Brasil).
Resultados e Discussão: a lesão miocárdica mais frequente foi a vacuolização perinuclear (6/6), seguida de necrose em bandas de contração (4/6), e rabdomiólise (2/6). Em músculo esquelético, a rabdomiólise foi observada em maior proporção (3/4) e a degeneração discoide e necrose segmentar foram observadas em 50% dos tecidos examinados (2/4). No rim, a necrose tubular aguda não foi encontrada em nenhuma das amostras analisadas (0/6).
Conclusão: As lesões observadas neste trabalho foram compatíveis com as previamente descritas para a síndrome de MC em mamíferos marinhos e são consistentes com o histórico dos animais. Ainda, ressalta-se que os resultados são preliminares: dessa forma, o presente trabalho será ampliado com a realização da investigação imunohistoquímica para mioglobina e fibrinogênio.
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