Recado microbiológico: a multirresistência bacteriana nas infecções de pele e ouvido
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Abstract
Na prática dermatológica veterinária, as piodermites e otites bacterianas são bastante frequentes. O tratamento costuma ser realizado empiricamente pelo proprietário e, em alguns casos, pelo médico veterinário sem a identificação do agente causal. Soma-se a isso, a possibilidade da aquisição de medicamentos veterinários, sem a necessidade de prescrição. Muitos produtos de aplicação tópica, apresentam aminoglicosídeos na formulação, bactericidas indicados, principalmente, para as infecções causadas por bactérias Gram-negativas. Entretanto, o micro-organismo comumente envolvido nas enfermidades destacadas é o Staphylococcus, coco Gram-positivo. A gentamicina é uma das moléculas com melhor ação em estafilococos, enquanto a neomicina e a tobramicina, as mais utilizadas nas formulações, têm melhor ação sobre Gram-negativos. O presente trabalho relata a resistência bacteriana frente aos aminoglicosídeos e avalia a ocorrência de resistência cruzada entre distintos aminoglicosídeos e desses com outras classes de antimicrobianos. Entre fevereiro de 2014 e 2015, foram recebidas 1259 amostras, das quais 55% (n=638) provenientes de piodermites e 45% (n= 568) de otopatias. Staphylococcus spp foi isolado em 74% (n=933) e apresentou os maiores valores de resistência aos aminoglicosídeos, cerca de 11%. Do total de isolados, a resistência aos aminoglicosídeos foi 15,5% e a resistência cruzada a pelo menos duas moléculas diferentes, predominou tanto em Gram-negativas quanto positivas. Somente 2% dos isolados de Pseudomonas aeruginosa apresentaram resistência única a neomicina. Os resultados obtidos demonstraram que as linhagens resistentes aos aminoglicosideos também apresentaram resistência aos β-lactâmicos (5%, n=61), principalmente naquelas isoladas de secreções cutâneas; ou as fluoroquinolonas (3%, n=36), destacando-se essa associação entre as linhagens de P. aeruginosa (16,5%, n=72) provenientes de secreções otológicas. A multirresistência, ou seja, resistência a pelo menos três classes diferentes de antimicrobianos, foi detectada em 16,5% (n=206) do total, com especial destaque aos Staphylococcus (20,5%, n=192). Conclui-se que o problema da multirresistência e resistência bacterianas estão presentes nos animais de companhia, criando um desafio para o veterinário, principalmente, no tratamento de infecções crônicas e recorrentes, pois, as escolhas terapêuticas tornam-se escassas e as chances de falhas terapêuticas e sequelas aumentam.
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