S. V. M. Corrêa
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP
V. Gomes
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP
C. C. Martin
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP
R. M. Souza
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP
C. E. Larsson Jr
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP
C. E. Larsson
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP
Abstract
Espécimes suínos denominados minipigs foram selecionados geneticamente há mais de cinco décadas visando à produção de animais destinados à experimentação. No final da década de 1950, face a seus hábitos higiênicos, inteligência e docilidade, passaram a ser comercializados nos EUA como animais de estimação. O modismo, embora mais recente, também tem sido observado nos grandes centros brasileiros. Destarte, o estreitar da convivência tem obrigado que se conheça mais sobre os patógenos e as enfermidades que os acometem. Pelo insólito do quadro, descreve-se o caso de um “spotted mini pig”, com dois meses de idade, fêmea, derivado ao Serviço de Dermatologia do HOVET-USP. Relatava-se a sua aquisição em um estabelecimento comercial especializado, com quadro abrupto de manifestação disquézica e prurido tegumentar iniciados havia duas semanas, sob terapia antimicrobiana (SC) e esteroidal tópica não exitosa. Evidenciava-se estado geral regular, alopecia, eritema, escamas e crostas. Em exame parasitológico de raspado cutâneo de articulação úmero-rádio-ulnar e dos pavilhões auriculares, visualizaram-se até seis ácaros/pcm, com características morfométricas típicas de sarcoptídeo. No período de sete dias de internação, foi constatado o aparecimento de lesões papulovesiculares eritematosas, pruriginosas na cintura pélvica de uma das médicas veterinárias que atendiam o paciente, as quais cederam após emprego demonossulfiram tópico. O animal, tratado com ivermectina “per os” e antimicrobiano, foi retirado pelo proprietário e, então, devolvido ao estabelecimento comercial de origem. No seguimento do caso, referiu-se flagrante melhora do quadro tegumentar, mas persistência da disquezia, com óbito após duas semanas. A origem do animal de criação comercial de suínos e a morfometria do agente permitem pressupor que se tratava de Sarcoptes scabiei var. suis. O elevado número de ácaros observados é compatível com o que se verifica na escabiose de animal imunocomprometido. O relato caracteriza o aspecto antropozoonótico da enfermidade, a necessidade da cuidadosa seleção dos criatórios comerciais e, principalmente, a familiarização dos médicos veterinários com o encaminhamento da diagnose e da terapia para esses “novos” pacientes.