Hiperadrenocorticismo iatrogênico secundário à terapia da anemia hemolítica imunomediada: uma realidade na clínica médica canina
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Abstract
Introdução: O hiperadrenocorticismo iatrogênico resulta do uso excessivo de glicocorticoides exógenos para o controle de distúrbios alérgicos ou imunomediados. O presente trabalho relata um caso de hiperadrenocorticismo iatrogênico decorrente de terapia para enfermidade imunológica eritrocitária em cão. Método/Relato de caso: Uma cadela, pit bull, com dez anos apresentou poliúria, polidpsia, polifagia e alterações cutâneas. O animal estava sendo tratado com prednisolona há um ano, após o diagnóstico de anemia hemolítica imunomediada primária. A paciente foi encaminhada para avaliação física. Foi solicitado teste de estimulação com hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). A exclusão do corticoide foi realizada de forma paulatina, o qual foi substituído pela azatioprina. O animal era monitorado a cada quatro meses com hemograma completo, bioquímica hepática e lipase imunorreativa. Resultados e Discussão: No exame clínico foram constatadas distensão do abdômen, rarefação pilosa dorsolombar e calcinose cutânea. A avaliação hormonal foi compatível com hiperadrenocorticismo. O seguimento laboratorial da cadela não exibiu anormalidades. O fornecimento excedente de glicocorticoides causa atrofia adrenal bilateral e o resultado do teste de estimulação com o ACTH é consistente com o diagnóstico de hiperadrenocorticismo. Esse exame laboratorial é o procedimento de eleição para as situações iatrogênicas. A normalidade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal ocorre por volta de um mês após a suspensão do fármaco esteroidal. A restrição gradativa da prednisolona foi essencial para minimizar suas consequências no caso relatado. O colágeno e a elastina do tegumento adquirem alterações estruturais pelo excesso de corticoide e tornam-se alvos de mineralização distrófica. A terapia prévia e duradoura da paciente em discussão fundamentou o depósito mineral na pele. A azatioprina tem apresentado excelentes resultados no tratamento da anemia hemolítica imunomediada canina. Os efeitos colaterais do tratamento com a azatioprina são infrequentes e incluem mielossupressão, hepatotoxicidade e pancreatite. Tal citação legitimou o acompanhamento periódico, com exames complementares, da cadela em questão. Conclusão: A ocorrência de hiperadrenocorticismo canino por glicocorticoideterapia crônica nos distúrbios hematológicos imunomediados deve ser objeto de preocupação e, nesses casos, a azatioprina é uma opção eficaz e não indutora de afecções endócrinas.
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