Perfil microbiológico de Streptococcus spp. Como agentes causadores de mastites clínicas em diversas regiões do Brasil
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Abstract
A mastite é um processo infeccioso complexo, multifatorial e de etiologia múltipla, com envolvimento de microrganismos contagiosos e ambientais. Além dos aspectos econômicos relacionados a essa doença, também são importantes os aspectos de saúde pública, pois muitos microrganismos presentes no leite oriundos principalmente de casos de mastites podem ocasionar infecções ou toxi-infecções de origem alimentar, devido à produção de toxinas, que não são inativadas pelos processos de pasteurização e fervura. Os estreptococos pertencem a um grupo de microrganismos com diferentes espécies e graus de patogenicidade e virulência. Muitos deles são importantes agentes de mastites, considerados como patógenos contagiosos. Alguns autores referem-se a Streptococcus agalactiae e não agalactiae e nesse último grupo estão os Streptococcus dysgalactiae e os Streptococcus uberis classificados como estreptococos ambientais, que participam da microbiota intestinal e que são encontrados no ambiente em que as vacas são criadas; porém, atualmente tem se notado que patógenos como Streptococcus uberis estão se comportando como patógenos contagiosos, ou seja, estão sendo transmitidos de vaca para vaca durante a ordenha. Há ainda os enterococos com várias espécies, entre os quais o mais conhecido é o Enterococcus faecalis. O Streptococcus pyogenes também pode ser um causador de mastite. O presente trabalho foi delineado para identificar o perfil microbiológico dos estreptococos isolados em casos de mastite clínica, registrados em diversas regiões do Brasil. Foram analisadas 625 amostras de leite produzido por vacas com mastites clínicas, das quais 13,4% do Sul, 79,5% do Sudeste, 5,7% do Centro-Oeste e 1,28% do Nordeste. As amostras foram cultivadas em ágar sangue bovino 8% e MacConkey, e subsequentemente foi realizada a caracterização dos estreptococos com base em teste de CAMP, hidrólise do hipurato de sódio e hidrólise da Esculina. Foram isolados um total de 110 (17,6%) estreptococos, dos quais 53,6% foram caracterizados como Streptococcus dysgalactiae, 20% como Streptococcus agalactiae, 16,36% Enterococcus spp. e 10% Streptococcus uberis. Os estreptococos ambientais destacam-se dentro desse perfil dos microrganismos causadores de mastite, mas 20% de S. agalactiae também enfatizam a existência de deficiências no manejo de ordenha de diversas propriedades. Essa caracterização é fundamental para melhor entendimento dos aspectos epidemiológicos relacionados às infecções intramamárias e para a correta avaliação epidemiológica e orientação de medidas de controle.
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