Relato de caso: surto de brucelose canina em canil comercial no município de São Paulo, estado de São Paulo, Brasil
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Abstract
A brucelose canina é uma zoonose causada pela Brucella canis, responsável por perdas significativas em canis comerciais, em razão dos problemas reprodutivos que desencadeia nos cães, como morte embrionária, abortamentos, natimortos, falhas na concepção, infertilidade, entre outros. A infecção é de difícil diagnóstico em razão da baixa sensibilidade dos testes sorológicos disponíveis para a identificação dos animais infectados. A hemocultura é considerada o teste padrão-ouro, sendo imprescindível para a confirmação de casos. O trabalho relata um surto de brucelose canina em um canil comercial localizado no município de São Paulo, Estado de São Paulo, Brasil, que albergava 17 cães da raça Pug (15 fêmeas e 2 machos). O primeiro episódio de abortamento foi relatado pelo criador em outubro de 2013. Cinco fêmeas abortaram e três apresentaram falha de concepção no período compreendido entre outubro de 2013 e março de 2014, quando foi realizada a primeira amostragem para a realização do diagnóstico de brucelose. De acordo com o histórico reprodutivo do canil, presume-se que a infecção tenha sido introduzida nesse período. Durante a amostragem os animais foram submetidos à anamnese e à avaliação clínica, e foram realizadas a colheita de sangue total, de sêmen dos dois machos e de leite da única fêmea em lactação, o suabe conjuntival dos 17 animais e o suabe vaginal das 15 fêmeas. A hemocultura foi realizada utilizando-se 1 mL de sangue com enriquecimento prévio em caldo triptose acrescido de 5% soro fetal bovino (SFB), com incubação a 37°C durante 30 dias, seguido de subcultivos em ágar triptose acrescido de soro fetal bovino. As amostras de sêmen, suabes e leite foram semeadas diretamente em meio seletivo acrescido de 5% de SFB e incubadas a 37°C durante 10 dias. A infecção foi verificada numa proporção de 82,35% (14/17) na criação, com o isolamento do agente em amostras de sangue (14/17), suabe conjuntival (1/17), suabe vaginal (2/15), sêmen (1/2) e da amostra de leite (1/1). Sete animais apresentaram linfonodos aumentados no momento do exame e, apesar do grande número de animais em bacteremia, nenhum apresentou febre. Os resultados positivos em distintas amostras biológicas demonstram a possibilidade de propagação da Brucella canis por diferentes meios de transmissão. Ressalta-se o isolamento do patógeno em todas as amostras obtidas de uma fêmea no período pós-abortamento, alertando para a possibilidade de transmissão da infecção a outros cães suscetíveis e ao homem por outras vias, além da reprodutiva. Os dados obtidos enfatizam a importância da aplicação de medidas adequadas de prevenção da brucelose canina em canis comerciais, bem como da preservação da saúde dos seres humanos, que mantêm estreito contato com os animais acometidos.
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