Fisometra na espécie felina
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Abstract
Fisometra é a denominação usada para o processo de dilatação do útero devido à formação de gás putrefativo. Usualmente é decorrente de partos distócicos, em associação com morte e maceração fetal. A condição é incomum na clínica de pequenos animais, principalmente na espécie felina. Este trabalho relata caso de fisometra em gata. Um felino fêmea, não castrada, 2 anos, persa, possuía aumento de volume abdominal. A gata exibiu ciclo estral, seguido de cópula, há trinta dias. A paciente foi submetida a avaliação física. Foram realizados exames de imagem na cavidade abdominal (ultrassonografia e radiografia). A fêmea foi encaminhada para celiotomia exploratória e foi castrada pela técnica de ovariossalpingo-histerectomia, e o material obtido foi encaminhado para análise patológica. Constatou-se normalidade dos parâmetros vitais. A inspeção do abdômen detectou distensão generalizada, em que a percussão digito-digital da área demonstrou emissão de som timpânico difuso. Os exames ultrassonográfico e radiográfico revelaram excesso de conteúdo gasoso, não sendo possível distinguir a estrutura anatômica envolvida com a retenção do gás com exatidão. Durante o procedimento operatório observou-se que o útero apresentava-se dilatado e preenchido por gás. A cérvix estava fechada, e não existiam alterações aparentes em outras estruturas da genitália interna ou nos demais órgãos da cavidade abdominal. Ao ser efetuada a secção uterina, durante a inspeção patológica em ambiente extracirúrgico, ocorreu dispersão do conteúdo gasoso pútrido do interior do lúmen do órgão, verificando-se a presença de dois fetos macerados e enfisematosos. Conforme os achados, o quadro foi caracterizado como fisometra. O animal recebeu tratamento pós-cirúrgico de antibioticoterapia e analgesia e apresentou recuperação adequada. No caso em questão, o óbito fetal foi preponderante para o desenvolvimento da enfermidade uterina. A retenção gasosa intraluminal justificou-se pela inabilidade de abertura do colo do útero, que impossibilitou a dispersão do gás. A fisometra deve ser tratada como emergência, pois o risco de choque séptico é iminente. O êxito terapêutico neste relato justificou-se pela precocidade nas condutas estabelecidas. A fisometra deve ser considerada entre as afecções do útero felino.
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