D. M. Santos
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
C. Constantino
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
V. M. Morikawa
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
A. P. C. M. Poleto
Prefeitura Municipal de Curitiba, Secretaria Municipal de Saúde, Unidade de Vigilância de Zoonoses, Curitiba, PR
E. C. Silva
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
Abstract
A esporotricose é uma micose de caráter zoonótico cuja infecção pode ocorrer por meio do contato com lesões, arranhaduras ou mordeduras de gatos infectados. A partir do ano de 2014, profissionais de saúde de Curitiba/ PR observaram o aumento do número de casos de esporotricose em felinos, particularmente no bairro Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Este trabalho descreve as ações de investigação epidemiológica e vigilância da esporotricose realizadas pela Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) de Curitiba, no período de maio a dezembro de 2016. Inicialmente firmou-se parceria entre a UVZ, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR) e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) para diagnóstico e tratamento de casos humanos e animais. Os estabelecimentos veterinários foram orientados a encaminhar notificações de casos suspeitos, e a UVZ, por sua vez, realizou o mapeamento e acompanhamento da evolução, responsabilizando o proprietário pelo tratamento e restrição de movimento do animal. Nos casos encaminhados por meio da Central de Atendimento ao Cidadão (156), a UVZ procedeu o contato e a investigação in loco. Além destas medidas, também foi realizada a busca ativa, casa a casa, na região do CIC, apresentando como ponto de partida os casos confirmados de esporotricose felina. Esta ação caracterizou-se por entrevistas semiestruturadas com tutores de gatos, cadastramento dos felinos, educação em saúde e guarda responsável com os habitantes, e encaminhamento de animais para castração gratuita, em parceria com a Rede de Proteção Animal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Uma vez detectados casos suspeitos, os animais foram encaminhados à clínica veterinária-escola da PUC para diagnóstico laboratorial e tratamento, enquanto que o proprietário era orientado acerca da enfermidade. Os casos humanos suspeitos foram encaminhados ao HC-UFPR por meio das Unidades de Saúde para a realização de exames laboratoriais e estabelecimento da conduta terapêutica adequada. Todos os casos confirmados em humanos e em animais, foram georreferenciados para análise e otimização das ações. Haja vista que a esporotricose é uma enfermidade tropical negligenciada, ações de investigação epidemiológica, preventivas e corretivas tornam-se fundamentais para a consolidação da vigilância e controle dessa doença. Dessa forma, as ações de educação em saúde e guarda responsável são fundamentais para a redução do número de casos da doença.