I. S. C. L. Scalco
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
D. L. Vieira
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
B. P. Nunes
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
R. C. M. Garcia
Universidade Federal do Paraná, Departamento de Medicina Veterinária, Curitiba, PR
Abstract
A domesticação é um processo que estreita a relação entre seres humanos e animais e que pode gerar diversos benefícios para ambos. De acordo com a teoria do vínculo, é natural que o ser humano, uma espécie social, busque a conexão com outras pessoas e animais não humanos. Este trabalho avaliou os fatores que podem influenciar esta convivência, visto que o comportamento dos seres humanos em sua ligação com os animais é o aspecto que mais afeta a dinâmica destas populações e que a falta de esclarecimento das pessoas envolvendo os compromissos da guarda responsável intensifica os possíveis inconvenientes deste vínculo interespécies. Tratando-se de atitudes humanas, há diversas questões que influenciam a forma como uma comunidade interage com seus cães. Alguns animais são considerados membros da família por seus proprietários, o que pode levar ao antropocentrismo e, consequentemente, interferir na forma como são tratados, conforme os hábitos da família e não segundo suas necessidades. Crenças e hábitos locais podem ser determinantes quando, por exemplo, acredita-se que a esterilização cirúrgica do animal possa causar alterações negativas em seu comportamento ou mesmo em sua descaracterização sexual. Desta forma, religiões e culturas desempenham um papel importante nesta dinâmica, uma vez que líderes religiosos e comunitários exercem grande influência sobre a sociedade local e, quando eles são devidamente informados e convencidos sobre os benefícios da guarda responsável, tornam-se aliados no manejo populacional. Contudo, da mesma maneira, a credibilidade destes representantes comunitários pode impedir intervenções caso eles não as aceitem. É imprescindível que a significância do comportamento humano seja incessantemente considerada nas estratégias de manejo populacional canino, respeitando as peculiaridades culturais e religiosas das respectivas regiões para que os esforços resultem em interações positivas para ambas as espécies.