S. M. Barrero
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
J. Hammerschmidt
Prefeitura de Pinhais, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Departamento de Controle e Fiscalização Ambienta, Seção de Defesa e Proteção Animal, Pinhais, PR
M. L. Izar
Prefeitura de Pinhais, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Departamento de Controle e Fiscalização Ambienta, Seção de Defesa e Proteção Animal, Pinhais, PR
M. C. S. Ribeiro
Prefeitura de Pinhais, Secretaria Municipal de Assistência Social, Pinhais, PR
M. V. D. Caleme
Prefeitura de Pinhais, Secretaria Municipal de Assistência Social, Pinhais, PR
L. O. Leite
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
R. C. M. Garcia
Universidade Federal do Paraná, Departamento de Medicina Veterinária, Curitiba, PR
Abstract
O médico-veterinário tem como responsabilidade promover saúde para humanos e animais, além de atuar como agente na proteção e garantia de bem-estar de ambos. Porém, o seu papel na identificação dos problemas socioeconômicos não tem sido suficientemente abordado. Este trabalho avaliou o papel dos médicos-veterinários na detecção de famílias vulneráveis. Perguntas demográficas foram incluídas nas fiscalizações de maus-tratos aos cães e gatos realizadas pelos médicos-veterinários da Seção de Defesa e Proteção Animal (Sedea), no município de Pinhais, estado do Paraná, Brasil. Os casos foram categorizados como família vulnerável ou não vulnerável. O tipo de vulnerabilidade e os motivos que contribuíram para a classificação do caso foram registrados. Os dados foram repassados à Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) que posteriormente realizou uma visita domiciliar para confirmar a existência da vulnerabilidade. Os casos também foram confirmados com as informações contidas nas bases de dados da Semas. A concordância entre a suspeita e a confirmação do caso foi realizada mediante o coeficiente Kappa de Cohen. Quarenta e cinco casos com presença (n=30) e ausência (n=15) de vulnerabilidade foram encaminhados à Semas. Quatro tipos de vulnerabilidade foram identificados: econômica; violência na família, incluindo autonegligência; fragilização de vínculos familiares; e abuso de substâncias. Os indicadores que contribuíram para a identificação de pessoas vulneráveis estiveram baseados no relato dos membros da família ou da comunidade e na visualização do ambiente familiar. Em 24/30 (80%) casos houve confirmação da vulnerabilidade. Os coeficientes Kappa de Cohen mostraram uma concordância substancial nos casos de violência (0,79) e fragilização de vínculos (0,69). A concordância quase perfeita foi encontrada em vulnerabilidade econômica (0,81), e a concordância perfeita em abuso de substâncias (1,00). Aproximadamente metade das famílias vulneráveis (41,6%) não estavam recebendo assistência prévia pela Semas. Em todos os casos com vulnerabilidade (14/24, 58,3%), nos quais as famílias já estavam recebendo acompanhamento pela Semas, os animais sofriam maus-tratos. Esses resultados confirmam a capacidade dos médicos-veterinários em detectar vulnerabilidade socioeconômica. Desta forma, esse profissional deveria ser inserido nas ações intersetoriais que abordam as questões sociais, sendo mais um agente capacitado para identificar vulnerabilidade. Igualmente os resultados respaldam a necessidade da inserção dos animais de companhia como vítimas da vulnerabilidade de seus tutores nos programas sociais.