L. F. Santos
Escola Estadual Educador Pedro Cia, Santo André, SP
B. Amaral
Escola Estadual Educador Pedro Cia, Santo André, SP
V. Menconcini
Escola Estadual Educador Pedro Cia, Santo André, SP
A. P. D. Brandão
Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, São Paulo, SP
Abstract
O bairro Recreio da Borda do Campo, na cidade de Santo André, grande São Paulo, é uma região endêmica de febre maculosa brasileira, doença transmitida pela bactéria Rickettsia rickettsii. O cão tem um papel importante na transmissão da doença no local, pois a adquire quando entra em contato com a mata e é infestado por carrapatos infectados que poderão transmitir a bactéria aos seres humanos. Na região, é comum a presença de cães soltos nas ruas, fato que chamou a atenção de alguns alunos do ensino médio da Escola Estadual Educador Pedro Cia localizada na região. Por meio de uma disciplina intitulada “Eletiva Pré-Iniciação Científica”, com orientação docente, os alunos elaboraram o projeto “Cãotrole”, que atua em conjunto com o projeto “Febre Maculosa Brasileira” e tem o objetivo de iniciar ações de controle populacional desses animais, incluindo a avaliação do manejo dos cães pelos guardiões e um diagnóstico da percepção dos moradores sobre os temas de castração e maus-tratos. Os estudantes que participam do projeto elaboraram um questionário e, no período compreendido entre os meses de julho a outubro de 2016, o aplicaram a 90 moradores da área de estudo. Foram coletados dados sobre o número de pessoas e cães na residência, renda familiar, modo de aquisição, alimentação e vacinação dos animais, bem como sobre a condição de castração e possibilidade de maus-tratos. De acordo com a análise dos dados, 41% das casas entrevistadas tinham de um a três moradores, 69% tinham pelo menos um cão e a renda familiar de 50% dos entrevistados era de até R$1.500. Dentre os entrevistados com cães, 57% adotaram os animais, 33% ganharam e 10% compraram. Além disso, 51% foram orientados sobre a alimentação dos animais e 72% relataram que o fator qualidade pesava mais na hora da escolha dos alimentos oferecidos aos animais do que o fator preço. Sobre o manejo sanitário, 88% costumam fazer a vacina da raiva anualmente e 70% aplicaram outras vacinas, mas somente 41% castraram seus animais. De acordo com a percepção dos moradores sobre castração, 59% relataram não conhecer seus benefícios, porém apenas 46% gostariam de participar de reuniões sobre o assunto, mostrando que essa não seria uma ação que atingiria a maioria das pessoas. Sobre maus-tratos, 93% sabem que é crime, 74% já ajudaram algum animal de rua, 57% já vivenciaram maus-tratos de algum animal, porém apenas 14% efetuaram a denúncia às autoridades, o que mostra que é preciso incentivo para que as denúncias sejam realizadas. As ações previstas para o futuro incluem: trabalhar a conscientização da população em relação aos benefícios da castração e às consequências da presença de população canina sem controle nas ruas. Serão utilizados meios impressos e eletrônicos com suporte de médicos-veterinários, e será abordado o incentivo às denúncias de maus-tratos com o desenvolvimento de um aplicativo para essa finalidade.