Uso de medicamentos ultradiluídos nux vomica e papaver somniferum, como apoio ao retorno anestésico de gatas domésticas
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Abstract
A administração de agentes anestésicos provoca uma alteração da homeostase do paciente e um estado não-fisiológico, podendo ocorrer complicações como depressão do sistema cardiorrespiratório e hipotermia (BEDNARSKI et al., 2011), complicações estas que podem se manter no período pós-cirúrgico. Em gatos, o risco geral de morte relacionada ao anestésico ou à sedação é de 0,24% (BRODBELT et al., 2008); em gatos saudáveis, a mortalidade é de 0,112% (1 em cada 875); e nos doentes, 1,4% (1 em cada 75). Já Joubert (2000) e Dodman e Lamb (1992) referem que o risco de morte anestésico-relacionada, em gatos, estaria em torno de 0,1 a 0,2%. O período de recuperação é uma das fases mais críticas do procedimento anestésico (BEDNARSKI et al., 2011), portanto, a busca por uma recuperação anestésica curta auxilia na diminuição dos riscos de complicações após a cirurgia(SILVA; PINTO, 2001). Este trabalho investigou se os medicamentos ultradiluídos Nux vomica 6cH e Papaver somniferum 30cH poderiam auxiliar na diminuição do tempo de retorno anestésico das gatas, e se havia diferença, entre os grupos avaliados, na frequência cardiorrespiratória e na temperatura. Foram estudadas 34 gatas domésticas, provenientes de tutores, ou de associações protetoras de animais sem fins lucrativos. Os critérios de inclusão no experimento foram: diferentes raças ou sem raça definida; peso corporal entre 1,0kg e 3,8kg; faixa etária entre três meses a quatro anos; ausência de outras condições patológicas evidentes nos exames clínicos, laboratoriais e de imagem, considerados ASA I ou II – classificação da Associação Americana de Anestesiologia (BRODBELT; FLAHERTY; PETTIFER, 2015). Os animais foram distribuídos em três grupos, o Nux, o Papaver, e solução hidroalcoólica 10%, com 10 a 12 indivíduos cada. Receberam quatro gotas do respectivo medicamento em intervalos de uma hora e 15 em 15 minutos. Em seguida, foram avaliados os parâmetros: frequências cardíaca e respiratória e temperatura, e tempo do retorno anestésico, medido em minutos. O estudo foi realizado em cego, e os códigos, revelados somente após os resultados da análise estatística. O tratamento estatístico empregado foi análise de variância, seguida pelo teste de Tukey, considerando-se diferença significativa quando p<0,05 (ZAR, 2010). Os indivíduos tratados com Papaver retornaram da anestesia (25,63±18,65 minutos) mais rápido que o grupo hidroalcoólico (55,63±25,83 minutos), p≤0,05. O grupo Nux também retornou da anestesia (24,25±14,17 minutos) mais rápido que o grupo hidroalcoólico. Os medicamentos homeopáticos testados neste estudo reduziram o tempo de retorno anestésico, em relação ao placebo (solução hidroalcoólica), assim como em outros estudos que utilizaram medicamentos ultradiluídos (MATSUHARA; GOLOUBEFF, 2006). Apesar da hipotermia ser considerada determinante no retorno anestésico, causando atraso na recuperação e potencializando complicações anestésicas e cirúrgicas(HASKINS, 1999; YAZBEK, 2010), os animais tratados com Papaver e Nux, mesmo hipotérmicos, recuperaram-se, em média, 30 minutos mais rápido que os que receberam a solução hidroalcoólica. O Nux vomica 6cH e o Papaver somniferum 30cH podem ser considerados medicamentos auxiliares na redução do tempo de recuperação da anestesia, porém são necessários mais estudos para estabelecer esta observação.
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