Importância da imunorreatividade semelhante à tripsina sérica (IST) no diagnóstico definitivo da insuficiência pancreática exócrina: Relato de caso
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Abstract
A insuficiência pancreática exócrina (IPE) ocorre quando há perda progressiva do tecido acinar a partir de uma atrofia ou destruição inflamatória, resultando em secreção insuficiente das enzimas digestivas e sinais clínicos de má absorção. A causa mais comum de IPE no cão é a atrofia acinar pancreática (AAP)1. Uma das raças mais acometidas é o pastor alemão, no qual a predisposição à AAP pode ser herdada como uma característica recessiva autossômica1. A pancreatite crônica, levando à destruição progressiva de tecido pancreático, parece ser incomum nos cães2. Os sinais clínicos incluem perda de peso com polifagia ou apetite normal, aumento do volume fecal, além de episódios contínuos ou intermitentes de fezes amolecidas2. O diagnóstico de IPE é realizado com base no histórico e exame físico compatíveis, pela exclusão de causas infecciosas, parasitárias, metabólicas e anatômicas de diarreia do intestino delgado e pela imunorreatividade semelhante à tripsina sérica (IST)3. Em humanos, o teste mais útil para o diagnóstico de IPE é a análise in vitro de fluido pancreático diretamente do duodeno após estimulação com secretina e colecistoquinina. Essa técnica foi tentada em cães sem sucesso, pois não houve fluido pancreático suficiente para análise. Na veterinária, a detecção de alimento não digerido nas fezes, aferição da atividade enzimática proteolítica fecal e absorção de gordura pelo trato digestório são métodos utilizados para o diagnóstico. Porém, o resultado desses testes não é confiável4, 5. A concentração sérica aferida pela IST tornou-se o método mais fidedigno para o diagnóstico de IPE, embora pouco realizado por grande parte dos clínicos6. O tripsinogênio é sintetizado e armazenado somente nas células acinares pancreáticas, sendo diariamente liberado na circulação sanguínea. Em razão disso, é uma enzima pancreática específica e um excelente marcador da função pancreática3, 5, 7, 8. A concentração de proteína oferecida na dieta no momento da colheita de amostra pode influenciar positivamente no resultado (maiores ou menores conteúdos proteicos aumentam ou diminuem os valores de IST, respectivamente). Apesar da relação entre as concentrações proteicas da dieta e da IST sérica, cães com função pancreática normal alimentados com dieta rigorosamente restrita em proteína apresentam valores de IST dentro dos parâmetros de referência. Como não há absorção apreciável de proteases pancreáticas do intestino, a IST sérica pode ser determinada de forma precisa, mesmo que a suplementação com enzima pancreática já tenha sido iniciada. Desse modo, o teste da IST é considerado o mais específico e sensível para o diagnóstico de IPE3, 4, 5, 7. A reposição enzimática é o tratamento mais indicado, geralmente sendo administrada por tempo indeterminado. A resposta à terapia é obtida normalmente durante as primeiras semanas de tratamento, com ganho de peso e fim dos episódios de diarreia. Embora alguns animais apresentem quadros de recidiva dos sinais clínicos, nenhuma condição de deterioração permanente é vista em animais tratados, tornando o prognóstico favorável8, 9, 10. Uma dieta altamente digerível, com baixos teores de fibra e gordura, antibioticoterapia e suplementação com vitamina B12 são geralmente necessárias e importantes no controle da IPE1, 8, 9, 10, 11.
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