As barreiras à substituição do uso de animais para o diagnóstico da raiva no Brasil
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Abstract
Milhões de animais são utilizados em laboratórios; porém, há uma preocupação crescente da sociedade com o sofrimento animal. Para diagnóstico da raiva, por exemplo, no Brasil é comum a utilização do teste do isolamento viral em camundongo (IVC), no qual amostra de indivíduo suspeito é inoculada em cérebro de camundongos saudáveis, embora o IVC possa ser substituído por métodos in vitro internacionalmente validados desde a década de 80, como o isolamento viral em cultura de células (IVCC). O objetivo deste trabalho foi descrever as barreiras à utilização de métodos in vitro para o diagnóstico da raiva no Brasil utilizando uma plataforma online. De dezembro de 2011 a agosto de 2012, 129 brasileiros que trabalham com diagnóstico da raiva foram convidados a participar do estudo descrevendo as barreiras que impedem a utilização de alternativas neste cenário. Doze pessoas aceitaram o convite; suas respostas foram analisadas qualitativamente e classificadas em grupos de comentários semelhantes, os quais constituem as barreiras. Cada resposta poderia conter mais de um comentário, portanto o número de barreiras é maior que o número de participantes. As barreiras mencionadas e suas frequências absolutas foram: falta de recursos humanos e capacitação profissional (5); acomodação, hábito e falta de boa vontade das pessoas (4); falta de recursos financeiros (3); barreiras regulatórias e falta de incentivo do governo (3); barreiras cultural e ética (3); falta de estrutura dos laboratórios, equipamentos e materiais (2); falta de conhecimento e conscientização (2); importância dos fatores orgânicos para observação da doença (2); baixa sensibilidade ou falhas das técnicas in vitro (1); facilidade e baixo preço do IVC (1); falta de tempo (1). De forma geral, as barreiras percebidas pelos respondentes denotam falta de investimento e iniciativa institucionais, bem como resistência das pessoas envolvidas. Importante ressaltar que a Lei Federal 9605/1998 determina que é crime realizar experimentos em animais quando existirem métodos alternativos e o Ministério da Saúde reconhece que, uma vez implementado, o IVCC é mais econômico e eficiente que o IVC. Os resultados sugerem que há oportunidade para aumentar a adoção de alternativas, pois algumas barreiras percebidas são imaginárias e outras são reais, mas passíveis de solução.
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